Carta Aberta - Revolução Para Uma Dignidade Cultural

                              Carta Aberta
        Revolução Para Uma Dignidade Cultural De Maurílio Tadeu de Freitas

Gostaria de descrever em poucas linhas toda minha indignação com relação aos rumos que o Teatro tomou em nossa cidade, as artes em si. Vivemos um caos cultural, e não foi por falta de avisos e projetos enviados junto aos órgãos Federais, Estaduais e Municipais. A maioria das opiniões dos estudiosos da área, artistas que realmente possuem conhecimento da realidade da nossa situação como um todo, tem sobre a Lei Rouanet , e Fundos Culturais. Sabemos que tais incentivos é um engodo, uma burocracia Kafkaniano, que na pratica não atendem nem 1% da demanda dos Estados e Municípios; que servem na maioria das vezes como fachada para a corrupção e interesses pessoais, de empresários e apadrinhados. Há mais de dez anos venho elaborando projetos para implantação em Conselheiro Lafaiete de uma Escola Profissionalizante de Teatro, porque uma cidade do nosso porte e população não pode viver apenas do Teatro Amador, que muitas vezes não tem condições de assumir compromissos mais elaborados com a formação do artista, e apresentação de peças de qualidade, muito menos na formação de cidadãos comprometidos com o destino da humanidade. Não posso me conformar com esse descaso geral nas Artes em nossa cidade, foram sucessivas gerações de homens públicos e cidadãos que não se preocuparam adequadamente com o desenvolvimento da cultura lafaietense. A nossa população tem necessidades urgentes de uma Escola de Belas Artes, pelo menos a nível técnico, onde serão atendidos profissionalmente todos os candidatos desejosos das Artes Cênicas, Artes Plásticas, Cinema, Dança e Musica; local este onde o cidadão pode refletir e praticar novos modelos artísticos e humanos. É preciso por um ponto final nesse descaso absurdo que muitas vezes vem de uma má formação escolar e cultural dos nossos representantes públicos e do cidadão no geral. É sabido mundialmente que o artista em si, não tem condições financeiras de bancar projetos culturais de tais envergaduras, e se o fizer vai falir. E o que aconteceu em Conselheiro Lafaiete, ao longo de toda a sua história foi uma criação cultural maquiada, sem qualquer aprofundamento na existência humana, apenas foi dado apoio a cultura amadorística que serve de fachada para fingir que há um movimento cultural na cidade, enfim, tapear os menos esclarecidos. Se observarmos os Festivais de Teatro em nossa cidade e no interior do Estado, podemos notar o retrato nu e cru do descaso público e privado, um verdadeiro abandono generalizado. A verdadeira cultura esta jogada às traças em nosso país. Os grupos e artistas de tais festivais amadores são na sua maioria iniciantes, cheios de expectativas profissionais, mas o que encontram pela frente e vivem na realidade é um verdadeiro estado de miséria cultural, tanto de conteúdo como de produção. Para começar, os alojamentos onde fincam hospedados os participantes são precaríssimos, amontoados de gente, dormem no chão dos alojamentos improvisados, tomam banho em chuveiros frios, comem muito mal, enfim, recebem um tratamento que mais parecem com exilados de guerras, forma quase desumana. Os participantes e artistas desses festivais não recebem cachês, ou qualquer incentivo, uma verdadeira exploração, nem os cortadores de canas sofrem tamanha exploração. O que de fato esta acontecendo nos Estados e Municípios é uma vergonha! Precisamos de uma vez por todas de uma política cultural humanizada para de uma vez por todas dar um basta na escravização de artistas, e inocentes pretendentes que sonham apenas em ser Artistas um dia, e ter uma vida profissional digna. É por isso que há anos luto para a profissionalização do teatro de Lafaiete, assim todos vão ganhar, teremos peças de qualidade, artistas com conhecimento, cumprindo seus deveres e reivindicando os seus direitos com consciência; conseqüentemente a platéia será mais bem infirmada através do entretenimento cultural de alto nível. É uma formação de qualidade que vai proporcionar a virada cultural de Lafaiete e servir de exemplo para o Estado de Minas Gerais. E para isso temos profissionais qualificados nas melhores escolas do país, gente capaz, e com ânimo para realizar tal empreitada; o que o artista lafaietense precisa é de apoio público e de autoridades sensíveis a causa.

Comentários

DizRoca disse…
Maurílio, li sua carta aberta e fiquei questionando como tudo isso tomou corpo dentro das sociedades modernas, não que eu ache que tenha uma resposta, mas talvez este texto de Santiago Castro-Gómez "Ciências sociais, violência epistêmica e o problema da invenção do outro”, possa nortear nossas indagações sobre o Estado e suas formas de domínio. "Gostaria de mostrar que quando falamos da modernidade como “projeto”, estamos referindo-nos também, e principalmente, à existência de uma instância central a partir da qual são dispensados e coordenados os mecanismos de controle sobre o mundo natural e social. Essa instância central é o Estado, que garante organização racional da vida humana. “Organização racional” significa, neste contexto, que os processos de desencantamento e desmagicalização do mundo aos quais se referem Weber e Blumemberg começam a ser regulamentados pela ação diretiva do Estado. O Estado é entendido como a esfera em que todos os interesses encontrados na sociedade podem chegar a uma “síntese”, isto é, como o locus capaz de formular metas coletivas, válidas para todos. Para isso se exige a aplicação estrita de “critérios racionais” que permitam ao Estado canalizar os desejos, os interesses e as emoções dos cidadãos em direção às metas definidas por ele mesmo. Isto significa que o Estado moderno não somente adquire o monopólio da violência, mas que usa dela para “dirigir” racionalmente as atividades dos cidadãos, de acordo com critérios estabelecidos cientificamente de antemão. O filósofo social estadunidense Immanuel Wallerstein (1991) mostrou como as ciências sociais se transformaram numa peça fundamental para este projeto de organização e controle da vida humana. O nascimento das ciências sociais não é um fenômeno aditivo no contexto da organização política definido pelo Estado-nação, e sim constitutivo dos mesmos. Era necessário gerar uma plataforma de observação científica sobre o mundo social que se queria governar. Sem o concurso das ciências sociais, o Estado moderno não teria a capacidade de exercer controle sobre a vida das pessoas, definir metas coletivas de largo e de curto prazos, nem de construir e atribuir aos cidadãos uma “identidade” cultural. Não apenas a reestruturação da economia de acordo com as novas exigências do capitalismo internacional, e também a redefinição da legitimidade política, e inclusive a identificação do caráter e dos valores peculiares de cada nação, exigiam uma representação cientificamente embasada sobre o modo como “funcionava” a realidade social. Somente sobre esta informação era possível realizar e executar programas governamentais. As taxonomias elaboradas pelas ciências sociais não se limitavam, assim, à elaboração de um sistema abstrato de regras chamado “ciência” –como ideologicamente pensavam os pais fundadores da sociologia–, mas tinham conseqüências práticas na medida em que eram capazes de legitimar as políticas reguladoras do Estado. A matriz prática que dará origem ao surgimento das ciências sociais é a necessidade de “ajustar” a vida dos homens ao sistema de produção. Todas as políticas e as instituições estatais (a escola, as constituições, o direito, os hospitais, as prisões, etc.) serão definidas pelo imperativo jurídico da “modernização”, ou seja, pela necessidade de disciplinar as paixões e orientá-las ao benefício da coletividade através do trabalho. A questão era ligar todos os cidadãos ao processo de produção mediante a submissão de seu tempo e de seu corpo a uma série de normas que eram definidas e legitimadas pelo conhecimento. As ciências sociais ensinam quais são as “leis” que governam a economia, a sociedade, a política e a história. O Estado, por sua vez, define suas políticas governamentais a partir desta normatividade cientificamente legitimada. Pois bem, esta tentativa de criar perfis de subjetividade estatalmente coordenados conduz ao fenômeno que aqui denominamos “a invenção do outro”. O livro completo http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ar/libros/lander/pt/lander.html

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