Traição - O instinto é imoral por natureza



A questão é que existe a natureza de um lado com o seu vasto poder de criação instintivo, e do outro uma moral construída de forma artificial para servir ao jogo social. Em função basicamente disso surge uma tensão no ser em si, e nas relações.  A libido provoca conflitos de ordem psicológica, biológica e social; na maioria das vezes a moral sai arranhada pelas forças do id. Quando penso um pouco levo em conta os graus da traição; acredito que a norma moral não dá conta de administrar o instinto sexual em todos os seus níveis de manifestação. Por isso pipoca escândalo social diariamente, que na verdade não seria tão absurdo se levássemos em conta o que de fato acontece por trás dos panos da moralidade vigente. A moral então surge apenas como um verniz frágil sobre o instinto para evitar uma depravação orgíaca no plano do visível, porque como sabemos, no escurinho do cinema e entre quatro paredes a moral muda de figura.  Não é de hoje que o homem busca administrar o poder descomunal da energia reprodutiva, que o diga Moises e os adoradores do bezerro de ouro.  Por ouro lado ainda existe a questão do prazer puro e simples que o sexo nos dá; tal êxtase é alimentado ainda pela proibição, fantasia, e marketing da exploração comercial da indústria do sexo. Quem trai costuma sentir depois aquela tão falada ressaca moral. Do outro lado tem o sentimento da pessoa traída que quando toma conhecimento do fato, experimenta uma dor, que varia de pessoa pra pessoa. Outra questão é de como este conhecimento da traição acontece, se for pela própria pessoa que traiu é uma coisa, por terceiros é outra, e quando vai parar na mídia e rede social costuma tomar contorno ainda maior. Parece que o sacrifício de não trair torna a pessoa num mártir radical que não suporta ver tal esforço heroico ser desprezado pelo parceiro. Tal sacrifício desumano em nome de uma regra artificial se torna o símbolo do amor. Acho que a monogamia na humanidade na maioria das vezes é puro egoísmo, posse e controle, passa perto do sentimento de autoflagelação.   Quando o desejo sexual entre o casal acaba, a fantasia de ficar com outra pessoa fora do relacionamento aumenta? Normalmente o prazer da lua de mel termina em dois anos, às vezes até menos. Bom, cada caso é um caso. A infidelidade conjugal, quando não consentida, é uma situação bastante complexa, provoca consequências profundas em todos os envolvidos. Sei que já traí muito, e que também fui traído; talvez por isso eu tenha perdoado sem muita dramaticidade e loucura, mas ouve dor e vazio por um tempo; o interessante é que o tempo cura, pelo menos no meu caso sim; até onde percebo não sinto caroço algum de ressentimento. Sempre que eu traia sentia ressaca moral depois do ato, durante não. Rolava angustia por trair, ficava um conflito, mistura de prazer e dor, apesar de curtir a satisfação da aventura romântica. Forças antagônicas entravam em conflito dentro de mim, mesmo assim continuei traindo por muitos anos, trai em vários relacionamentos que tive, variava de amante; no entanto gostava de ter uma parceira fixa sempre comigo, mas não abandonava as outras; brincava de chamar uma de matriz e a outra de filial. No entanto, nunca gostei de ser traído, e quando fui não agredi fisicamente a companheira, mas terminei o relacionamento. Será que naqueles dias eu era um belo de um machista hipócrita, ou não dava conta de segurar a onda do instinto reprodutor? Mas naqueles anos de juventude e testosterona em ebulição isso era natural pra mim, cultural até. Quem é o responsável pela traição? Para mim é a força natural do instinto reprodutor, mais forte e poderoso em determinada fase da vida. Muitas vezes a traição não é a consumação do ato sexual em si, mas pode vir disfarçada em outras atitudes inconsciente.  Onde começa a si configurar o desejo de trair? No simples pensamento de uma fantasia com outra pessoa fora do relacionamento? Sim e não, vai depender de cada um, e dá livre interpretação. Porque pra muitos geralmente a traição é a consumação do ato sexual em si, mas para outros nem pensar/fantasiar é permitido. E as caricias, a atenção de amizade que trocamos com outra pessoa quando estamos casados, ou em um relacionamento chamado de “sério”? Será que é mesmo amizade, ou disfarce de relacionamento colorido? Nossa mente costuma nos enganar. Às vezes um simples olhar é considerado traição. Tem como perdoar uma traição? Porque ocorre a traição? É falta de Amor? O desejo sexual pelo parceiro acabou? São perguntas que vão ser respondidas de acordo com a cultura e o entendimento de cada um. O corpo humano foi programado para reproduzir, tanto é que tem 7 bi de pessoas no mundo, teria bem mais se a guerra, violência, natureza, e o aborto, não tivessem exterminados outros bilhões. A questão da sedução na mulher e no homem contemporâneo anda na flor da pele, e liberado. Naturalmente seduzimos e somos seduzidos o tempo todo, e a razão não dá conta de explicar o instinto. Por mais que um casal segure as pontas uma hora vai rola traição, talvez num grau menor, até inconsciente, mas acontece. Não tem racionalidade, conceito e filosofia que explique a maior força da natureza, o instinto reprodutor. Parece-me que a vida a dois é mais uma criação artificial; talvez seja para evitar conflitos ainda maiores; isso também é objeto para outro estudo. A constatação é que somos seduzidos das mais variadas formas e graus, por todos e por tudo. A traição ocorre quando existe um acordo verbal de fidelidade entre o casal, um contrato, mas em determinado momento do relacionamento o combinado é violado por um dos parceiros. Neste caso a pessoa que foi traída costuma sentir muito, a reação e intensidade variam de pessoa para pessoa, mas sempre causa no momento do conhecimento algum tipo de sentimento como: dor, angústia, depressão, raiva, ódio, desespero, indignação, revolta, tristeza, decepção, etc. Na maioria das vezes a pessoa se ressente pelo fato de ter sido trocada por outra, não admite não ser mais o motivo da paixão e desejo do outro, entra aí também a questão do ego, amor próprio, perda de posse do objeto de desejo, desmoralização, interesses diversos etc. Tem pessoa que não suporta ser traída, acaba cometendo algum tipo de violência, mata, até suicida; diariamente ficamos sabendo de vários casos assim, e muitos terminam em tragédia. Quando o caso de traição envolve pessoa famosa e celebridade, ganha maior repercussão ainda, e a mídia aproveita disso. Muitos filmes, livros, dramaturgias, e novelas tratam desse tema; no teatro temos a peça trágica de Eurípedes, “Medéia”, que quando fica sabendo que Jasão a tinha traído com outra mulher, é tomada pelo ódio, mata os próprios filhos do casal para se vingar do marido. Na vida real o caso que vem sendo badalado na mídia hoje é o da atriz Kristen que traiu o namorado Robert Pattinson, com o diretor Rupert Sanders; rende comentário de todo tipo.   Maria Madalena de certo modo é um símbolo de traição, imagina os radicais querendo apedreja-la, queriam matar a mulher ou o que ela significava?! Tentação, aquilo que esta facilmente ali ao alcance de qualquer um para satisfazer o instinto, uma perturbação da norma social. E não é de ficar surpreso se ali no meio daqueles homens com a pedra na mão, pronto pra atirar em Maria, tivesse algum que já tenha traído a sua mulher com a própria Maria de Madalena, ou outra prostituta qualquer. Quando Cristo diz: Atire a primeira pedra quem nunca pecou?! Cristo com isso vai além, inclui todas as maneiras de se trair alguém. A traição é uma situação corriqueira que cometemos no dia a dia uns com os outros, que vai desde um simples gesto de ignorar alguém que precisa de ajuda, até o ato de matar.  Poderíamos dizer: Atire a primeira pedra quem nunca traiu alguém!? Observando aí todos os graus de traição, desde o simples desejo pelo pensamento, um olhar diferente, até o ato sexual em si; acredito que não sobra quase ninguém, ou ninguém mesmo. Seguindo essa linha de raciocínio posso concluir que é pura hipocrisia, egoísmo, ignorância da parte de alguém julgar e condenar uma pessoa por traição.



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