Análise de Fenômenos da Teoria e Prática em Arte-Educação no Cotidiano do Professor e da Escola - Autor: Maurílio Tadêu de Freitas
Com
objetivo de desenvolver este artigo cientifico que trata sobre o tema: “Análise
de Fenômenos da Teoria e Prática em Arte-Educação no Cotidiano do Professor e
da Escola”
utilizei textos e resumos de livros, como: “O Que Pode a Educação Aprender Das Artes Sobre
a Prática da Educação?” Autor: Elliot W. Eisner. “Arte Como Experiência.” Autor:
Jhon Dewey, por Ana Beatriz Duarte; “Arte-Educação: Pressupostos Teórico
Metodológicos na Obra de Ana Mãe Barbosa.” Autora: Gerda Margit Schütz Foerstf.
Estes
artigos científicos tratam do tema em questão e foram necessários para
embasamento da estrutura do Trabalho de Conclusão do Curso - Licenciatura em Educação Artística. Basicamente descrevem alguns
fenômenos que surgem no ensino da arte teórico/prático que vem sendo estudados
ao longo da história da humanidade e fazem parte de um processo de estruturação
da educação artística. Portanto analisando algumas citações dos
conteúdos acima, podemos dizer que a pedagogia de
transmissão da arte é um fenômeno individual e coletivo ainda hoje em processo
de construção e pesquisa. Segundo
Eisner (2008, apud BARBOSA,1996, s.n.) que: “[...] refinar os sentidos e
alargar a imaginação é o trabalho que a arte faz para potencializar a cognição.
Cognição é o processo pelo qual o organismo se torna consciente de seu meio
ambiente.” A arte através do simbolismo das
linguagens transita na via dupla que vai do mais íntimo do homem ao extremo das
relações sociais, a vida em grupo influencia o indivíduo, assim como o
indivíduo influencia o coletivo. As relações sociais que formam o cotidiano
geram situações de conflito no homem, e por sua vez o universo interior do
homem produz efeito no meio ambiente em que ele vive, assim como a vida
influência a arte a arte influencia e modifica a vida. Aponta Barbosa (1991,
p.32) que: “[...] a educação artística, principalmente pretende formar o
conhecedor, o fruidor, decodificador da obra de arte. Uma sociedade só é
artisticamente desenvolvida quando ao lado de uma produção artística de alta
qualidade há também a capacidade de entendimento desta produção pelo
público.” Quando analiso esta citação de
Barbosa que aponta a necessidade de criar e recriar práticas e teorias de
qualidade, penso também na excelência da transmissão que podem e devem ser
assimilada pelo professor e aluno que por sua vez serão público esclarecidos e
formadores de opinião. Quando planejamos um projeto criativo devemos observar:
Para qual espectador vamos criar a obra? Que tipo de público queremos
atingir? Qual é a faixa de idade? Que
classe social pertence o expectador, aluno? O tema necessário no momento para
este público? São indagações necessárias para atingir os objetivos do
aprendizado. A obra de arte assim como a aula exige pesquisa. Consequentemente com o professor atento e bem
formado vamos ter através da aula teórica/prática o ensino de qualidade,
multiplicador de cidadão consciente, modelo do conhecimento artístico útil e
eficaz. Em virtude de tais fatos o ensino teórico e prático na arte-educação,
bem como a profissão de professor foram e são fatores de enorme interesse de
todos. Portanto o professor neste contexto de ensino aprendizagem deve
constantemente refletir o conteúdo e a forma.
A escola representa o espaços orgânico de maior importância para a
comunidade, onde se deve vivenciar o laboratório vivo e integral do
conhecimento que facilita o desenvolvimento das potencias do aluno. Segundo
Pimenta (2005, p.26) “[...] o saber docente não é formado apenas da prática,
sendo também nutrido pelas teorias da educação.” Quando se formam profissionais da educação no curso de arte que
vão enfrentar a realidade do mercado profissional, seja na sala de aula,
ministrando palestras, workshop, ou oficinas, surge o primeiro grande dilema
didático: O que fazer e como aplicar tamanha bagagem adquiridos durante a
graduação em arte? Porque são culturas e realidades distintas: o aprendizado na
faculdade, e o mercado profissional. Quando o educando aplica teoria e prática de
arte com competência para a criança, adolescente, jovem e o adulto, desperta o
interesse e potencias em todos eles, contribuindo de forma decisiva para o
desenvolvimento e bem estar do aluno, além de formar pessoa e público
culturalmente conscientes, daí se justifica absolutamente necessário a formação
e o aprimoramento do educando, criador, apreciador e propagador da obra
artística e do conhecimento. Pensando no contexto acima e na real dinâmica que
representa a sala de aula hoje, torna-se vital analisar e profundar a relação
teoria e prática da arte na educação, afim de nutrir o professor com
experiência e conteúdo significativos. Precisamos refletir também a produção da
obra artística, bem como a exigência da competição no mercado profissional. Quanto mais o professor aprofunda os estudos
sobre as teorias e práticas na arte-educação melhor será a sua didática.
Pensando assim pretendo criar com este artigo cientifico um elo entre teoria e
a prática, que de fato representa a real necessidade do professor, aluno e
escola; apontar caminhos para o docente distinguir e compreender as teorias
surgidas na sua própria prática, bem como a ação que revela conceitos;
estruturar com rigor o conhecimento afim de modificar e melhorar pontos de
vistas, atitudes e postura do educador, com ênfase na formação docente e nos
processos de ensino aprendizagem da realidade escolar contemporânea. Consciente
deste fato vamos analisar esta união entre educação e arte que com toda certeza
colabora com a arte-educação. Uma aliança de terreno fértil e desafiador a ser
explorado pelo professor na escola.
"O ensino das artes, em suas várias
linguagens, assume papel estratégico, na medida em que representa uma dimensão
relevante da eqüidade de oferta de oportunidades de educação com qualidade.
Esta abordagem permite uma melhoria dos processos de ensino-aprendizagem, tendo
no ensino das artes um instrumento de ampliação da visão e compreensão do
mundo, o que inclui necessariamente, como um de seus resultados, a melhoria do
rendimento escolar." ( HENRIQUES 2004 , p.25)
Com certeza a arte pode e deve contribuir
muito para a educação de qualidade. Com foco neste objetivo vamos analisar a
teoria e a prática na arte-educação. A
teoria pode nascer da prática, ou vice-versa. Para se ter uma boa teoria
torna-se necessário analisar e observar atento as experiências. Os processos da
criação artística necessitam ser rigorosamente burilados, decupados em
seguimentos do pensamento e das ideias. Podemos obter conceitos através da
utilização da criação mental subjetiva e objetiva, na observação de obras
concretas e abstratas, ou em processos criativos da prática com diversos
materiais e objetos. Já a prática, é a
habilidade adquirida com a experiência, onde se aprende o como fazer durante a
criação, seja na expressão corporal, ou com os materiais. Portanto teoria e
prática tem muito a ver com a imaginação
e o conhecimento. A percepção da obra depende do grau da imaginação e
conhecimento da pessoa, quanto mais culto o espectador melhor vai ser a sua
capacidade de contemplação, visão, prazer, leitura e análise da obra artística.
Enquanto
Eisner enfatiza “imaginação”, Paulo Freire valoriza-a, mas sugere diálogos com
a “conscientização social”. Para ambos, a educação é mediatizada pelo mundo em
que se vive, formatada pela cultura, influenciada por linguagens, impactada por
crenças, clarificada pela necessidade, afetada por valores e moderada pela
individualidade. Trata-se de uma experiência com o mundo empírico, com a
cultura e a sociedade personalizada pelo processo de gerar significados, pelas
leituras pessoais auto sonorizadas do mundo fenomênico e das “paisagens
interiores.” (BARBOSA, 1996, s.n.).
Portanto
é importante enfatizar a imaginação como faz Eisner, quanto valoriza-la na
visão de Freire.
Eu
acredito na intuição e na inspiração. A imaginação é mais importante que o conhecimento.
O conhecimento é limitado, enquanto a imaginação abraça o mundo inteiro,
estimulando o progresso, dando à luz à evolução. Ela é, rigorosamente falando,
um fator real na pesquisa cientifica.
(EINSTEIN, 1931, apud FERRARI, 2013, p.119).
A
imaginação está para a arte assim como a inspiração para o artista, um não
existe sem o outro.
A
imaginação não é um mero ornamento, tal como a arte. Juntas podem libertar-nos
dos nossos hábitos enrijecidos. Elas podem ajudar-nos a restaurar um propósito
decente para os nossos esforços e a criar o tipo de escolas que as nossas
crianças merecem e que a nossa cultura precisa. Tais aspirações, meus amigos,
são estrelas pelas quais vale a pena esticar-se. (EISNER, 2008, p.16).
A
arte através do processo artístico usa a imaginação antes, no ato da ação, e
após a criação. O artista pensa, sente e molda a obra na imagem que vai se
formando no aqui agora. E a obra na exposição provoca no espectador sensações e
sentimentos; é uma dança criativa. A obra, o artista e o espectador são um só
durante a experiência criativa. No decorrer do ato criativo, o que é rígido se
transforma em maleável e vice versa; como um corpo que desenha livre no espaço
compondo formas diversas em busca da linguagem lúdica. A expressão corporal materializa
no espaço cria gestos orgânicos, novas formas de pensar e agir. Portanto teoria
e prática são moldados pela imaginação no fluxo das experiências ou processos
criativos. Para compreender a arte-educação precisamos analisar os elementos
que compõe as bases da estrutura do ensino na arte e na educação. A educação é
uma equação plural, é necessidade de todas as pessoas que compõe uma sociedade,
assim como a arte. O universo coletivo e o individual formam e influenciam a
arte-educação. Na renascença houve a preocupação em dividir a arte em diversas
disciplinas, como: música, pintura, teatro, etc. Assim individualizava para
melhor entendimento do conteúdo, ou seja, a especialização da estética. Quando
separamos e usamos a lupa da análise sistemática sem preconceitos iluminamos
caminhos e descobrimos atalhos. O detalhe na estrutura do todo seduz e é
revelador na obra artística. Conforme Barbosa
(1996, s.n.) fala: “É a arte contemporânea é assim.... Em termos de educação, a
desconstrução é feita na leitura. Se houver passagem da leitura para o fazer,
ótimo.” A leitura da obra esclarece, possibilita
trabalhar com a imaginação e os sentidos. A reflexão e observação sobre a
experiência do fazer artístico seja na obra materializada, ou mental,
desenvolve nossas potencias e possibilita o entretenimento sensível. A
desconstrução da obra gera inúmeras questões que vão repercutir direta ou
indiretamente na arte-educação, assim podemos criar obras mentais abstratas ou
figurativas como na experiência da Arte Conceitual por exemplo. Também podemos
materializar uma obra a partir da leitura de um bom texto, a criação artística
pode nascer de uma ação aleatória, seja do pensamento ou de um gesto. A teoria
gera uma obra, e uma imagem pode surgir concretamente de uma ação. A abstração
inspira uma criação figurativa e vice-versa. O mágico da elaboração artística
contemporânea vem da imaginação, do conhecimento e da liberdade que o artista
tem para construir ou descontruir obras. O artista usa tudo que está ao seu
alcance afim de dar cabo a sua criação. Então é fundamental que o professor de
artes no seu cotidiano saiba ensinar de forma lúdica apropriando-se de todos os
elementos disponíveis no meio ambiente. Devemos procurar ter um relacionamento
cordial, sincero e democrático com o aluno, ou seja, olho no olho. Qual o melhor método de criação? Como aplicar
tal conteúdo e forma para esta ou aquela turma? Como trabalhar com a teoria e a
prática respeitando a diversidade cultural dos alunos? Como planejar uma aula
inspiradora? Cada aluno é um, cada turma é outra. O professor precisa respeitar
o tempo biológico do aluno para desenvolver a atividade, o ritmo orgânico do
aprendizado não é igual para todos. A disciplina deve levar em conta o
contexto, ser traduzida na linguagem do meio onde o aluno vive. Algumas pessoas
não gostam de praticar a expressão corporal e valorizam mais a análise de
texto, outros já preferem a dança, etc., questão de gosto, cultura e educação.
O diálogo afim de resolver conflitos é fundamental, saber como falar, discutir
e conversar respeitando a pluralidade contribui para o bom andamento da matéria
no decorrer da aula e ano letivo. Devemos valorizar a cultura do aluno mesmo
quando o sistema é contra e impõe regras gerais desrespeitando a
individualidade. A arte faz parte do cotidiano, está na estrutura da
personalidade de cada um de nós, e influencia o comportamento que é refletido
na sala e escola. O ensino da arte não deve ser uma forma de domínio de uma
cultura sobre a outra, mas propagadora do conhecimento e da riqueza que a
diversidade cultural traz para dentro da escola. Imagina se fossemos todos
iguais em forma e conteúdo? O mundo não teria graça. A arte como disciplina
teórica e prática incluída na educação enriquece o ensino através dos processos
criativos artísticos, inclui no conteúdo escolar toda a bagagem de conhecimento
adquirido ao longo da história, ou seja, estudos e pesquisas desde a arte
rupestre até a liberdade de criação do artista contemporâneo.
A
nossa área, a área da educação, estabeleceu as suas práticas numa plataforma de
conhecimento cientificamente fundamentado, pelo menos enquanto aspiração. As
artes e o talento artístico, enquanto fontes de práticas educacionais
melhoradas, são consideradas, na melhor das hipóteses, um retroceder, um
tribunal de última instância, algo a que se recorre quando não há ciência para
fornecer direção. Acredita-se que nenhuma área que procure a respeitabilidade
profissional pode depender de tal princípio indigno de confiança. Apesar das
incertezas frequentes, eu pretendo examinar o que uma concepção de prática
enraizada nas artes pode contribuir para o melhoramento dos meios e dos fins da
educação. (EISNER, 2008, p 6).
No livro “República” de Platão, escrita por
volta de 380.a.c, no livro X, o autor expõe a ruptura entre conhecimento e arte,
critica a arte pela mimese (imitação) assim o autor mostra que tem ressalvas, digamos, certo preconceito, ao relatar
sua ideia de estado. Também propõe ao governador quando deparar com um artista
entrando na cidade, deve trata-lo de forma gentil, mas precisa dar um jeito de
fazer com que esta visita seja breve, devendo incentiva-lo a seguir em frente
com a jornada, ou seja, ir para outra cidade. Na era globalizada algumas
cidades cometem violência parecida com alguns mendigos quando os forçam a
entrar em carros afim de despeja-los em outra cidade.
Mesmo assim, diga-se
que, se a poesia imitativa voltada para o prazer tiver argumentos para provar
que deve estar presente numa cidade bem governada, a receberemos com gosto,
pois temos consciência do encantamento que sobre nós exerce; mas seria
impiedade trair o que julgamos verdadeiro. Ou não te sentes também seduzido
pela poesia, meu amigo, sobretudo quando a contemplas através de Homero? (PLATÃO, p.
306-307).
Platão
até elogia a poesia, mas condena a imitação. Até a metade do século XX a nossa
atriz ainda era confundida com uma meretriz.
Claro, da época de Platão até os dias atuais muita coisa mudou em
relação as artes. De acordo com o texto de Eisner a arte também sofre algum
preconceito, por exemplo, o de não ser considerada uma ciência, assim não pode
servir de parâmetros para compor padrões da plataforma de conhecimento
cientificamente fundamentado para a escolar. Quanto a isso podemos dizer que é
outra injustiça sofrida pela arte, ignorância de certos agentes do poder e da
educação, geralmente burocratas do ensino que em pleno século XXI mantem o
legado platônico ditando regras sobre o nossos destinos. A respeito deste
conflito da arte como ciência podemos recorrer ao mestre russo Constantin
Stanislavski e o seu método para o ator, com suas pesquisas sistemáticas entre
os séculos XIX e XX a certa do teatro, criou o método de Interpretação
Naturalista, adaptado e traduzido em primeira mão pelos americanos, que
chamaram a técnica de Interpretação Realista, divulgada pelo mundo através do
sucesso dos artistas no cinema hollywoodiano.
Em
numerosas ocasiões Stanislávski cita em seus escritos obras de médicos,
psicólogos e biólogos, hoje já esquecidos, como forma de validar
cientificamente suas descobertas e deduções empíricas. A falta de interesse da
ciência para com o teatro, expressada em diversas ocasiões pelo diretor russo,
manifestava seu temor que as suas teorias sobre a arte do ator pudessem não ser
levadas a sério. Deve-se ter em vista que quando Stanislávski escreve seu livro
(por volta de 1935) havia apenas quarenta anos que a profissão do ator tinha
deixado de ser considerada, na Rússia, própria de pessoas incultas e de índole
duvidosa. (CARNEIRO, 2012, s.n).
Hoje
várias universidades, como: UFOP, UFMG, UNICAMP reconhecem como cientista o
artista pesquisador. No meio artístico contemporâneo existem inúmeros
cientistas como Antunes Filho no Centro de Pesquisas Teatrais, financiado pelo
SESC – Consolação, SP, desenvolve o método de interpretação para o ator
fundamentado em mais de 60 anos de pesquisas práticas e teóricas rigorosas.
Bom, mas a quem interessa considerar a arte uma ciência ou não? Algumas pessoas
do poder vigente, governos e corporações interessados no lucro. A arte é uma
ciência, logo os fundamentos artísticos de desenvolvimento de técnicas e
métodos podem contribuir para a educação. Eisner no texto (2008) “O Que Pode a
Educação Aprender Das Artes Sobre a Prática da Educação?” Reflete como a educação pode ser enriquecida
pelas práticas e teorias das artes. Um ideal bastante realista para quem
conhece a fundo os parâmetros metodológicos da criação artísticas e da nossa
atual diretriz educacional. Existe ainda um certo preconceito pairando sobre as
artes, e sabemos que tais fatos são na verdade uma guerra ideológica travada
nos bastidores do poder econômico, sobre os rumos que devemos dar para a
educação no âmbito da cultura de massa. Por outro lado temos plena consciência
do interesse do capitalismo em usufruir, ou seja, explorar mão de obra
abundante e barata afim de aumentar a qualquer custo os lucros. Não menos interessados
no destino dos alunos, futuro e presente da cultura de massa, estão os partidos
políticos ávidos em tirar vantagens do populismo através dos votos. Hoje muitas
escolas viraram reduto eleitoreiro, representam bandeiras de esquerda, direita,
centro, e mais recente, os candidatos que se dizem não políticos. A educação e
o seu destino, estão ligados ao contexto social, político e econômico de
qualquer país. E a história mostra claramente que os grupos no poder geralmente
tem enorme influência sobre o destino da educação. No Brasil colônia foram o
Rei com sua corte, juntos com os Jesuítas que tiveram papel preponderante nos
rumos da educação. Se voltarmos ainda no tempo podemos notar a cultura grega
influenciando o ocidente com o imperialismo de expansão de território,
conquistavam cidades e países e imediatamente implantavam a cultura dominadora.
Na idade média a igreja impôs sua doutrina afim de educar o povo, logo após,
aparecem os protagonistas do renascimento que revolucionam a educação
inspirados no modo de pensar e agir da elite grega; como diz Eisner (2008)
“[...] mais voltados para o Partenon grego do que para os contornos da Capela
Sistina.” Seguimos para o século XIX
quando a educação tradicional ainda estava no esboço das formas atuais de educar
afim de entender melhor a realidade contemporânea do ensino.
Como sabemos, quando,
no último quarto do século XIX, a educação estava a ser concebida como uma área
de estudo, ela recebeu da psicologia o seu guia inicial. Foram os primeiros
psicólogos que se interessaram em fazer da psicologia um empreendimento
científico, que emulasse o trabalho feito nas chamadas “ciências puras”.
Todavia, no fim do primeiro quarto de século do século XX, a sorte foi lançada.
Com a exceção de algumas escolas particulares, Thorndike ganhou e Dewey perdeu.
Metaforicamente falando, as escolas eram para ser plantas industriais efetivas
e eficientes. De facto, a linguagem industrial era uma parte ativa do
vocabulário de Thorndike, Taylor, Cubberly e de outros no movimento social da
eficácia. Nas suas visões de educação, os estudantes eram a matéria-prima a ser
trabalhada, de acordo com as especificações estabelecidas pelos supervisores
ensinados no tempo e movimento de estudo de Fredrick Taylor. O mundo
educacional controlado e hiper-racionalizado que Fredrick Taylor anteviu,
tornou-se no ideal metodológico necessário para a criação de escolas efetivas e
eficientes. (EISNER, 2008, p.6).
Portanto
fica explicito neste texto que a era industrial com seu poderio econômico
racional superam qualquer outra tentativa de incluir na educação os
sentimentos, humanizar e sensibilizar nossos estudantes, assim, o vale quanto
ganha prevalece, o racionalismo puro mais uma vez ditando nossos destinos.
Filosofia voltada única e exclusivamente para o interesse econômico. Basta
observar está influencia na febre que se instala no Brasil contemporâneo com a
implantação das escolas técnicas. Uma
massa de milhões de jovens prontos para servir a nova velha onda de pureza
racional do profissional da indústria. Reproduziram o modelo alemão tecnicista
de eficiência na produção do século XXI. Continua na moda o ter em detrimento
do ser. Portanto podemos notar que o preconceito não é falta de embasamento
científico, o que incomoda o poder é a arte voltada para o ser inteiro, este
modelo não serve para atender o sistema vigente, que necessita dividir, separar
a razão dos sentimentos. Será que sentir tumultua a precisão? Acredito que não,
pelo contrário, colabora no sentido de colher resultados completos. O homem
inteiro crítica, duvida, constrói e descontrói forma e conteúdo, adapta
sistemas afim de libertar o homem do engarrafamento da sensibilidade. A arte
trabalha com a realidade do indivíduo por inteiro, um ser que não é feito
apenas de razão, mas também de sensação e sentimentos. A arte é uma disciplina
que estuda, pesquisa, olha o homem como 360º graus, portanto ameaça qualquer
sistema absolutista. Platão como filosofo, professor e sabedor de política via
claramente esta ameaça representada pela arte. A questão equivocada também diz
que para governar tem que deixar de fora a individualidade. A regra geral e o
laço são feitos para dominar de uma vez só grandes aglomerações de mentes. O
poder em voga acha mais fácil governar a cultura de massa quando aplicar uma
canetada burocrática afim de resolver os conflitos de interesses, portanto
neste sistema o particular é problema. A ditadura não respeita as diferenças,
no sistema absolutista todo mundo é enquadrado na lei marcial e pronto. Para
determinados governos a cultura de massa só funciona a ferro e a fogo, é 8 ou
80, daí toda esta luta titânica afim de implantar a cultura plural nas escolas.
Há séculos nossas mentes vem sendo educadas de forma dividida com objetivo de
servir a um propósito de exploração do homem pelo homem. Portanto ainda é um
ideal a luta para uma escola que respeita as diferenças. Não combatemos com uma
cultura recente de exploração, a situação é bem mais enraizada que parece,
penetrou nosso dna, foi aos pouco sendo introjetada no nosso inconsciente por
séculos através da dominação da cultura do homem que explora o homem, das
elites que concordam que o homem é o lobo do homem. Quando nascemos somos puros
como uma folha em branco, nosso futuro depende dos contornos desenhados aos
poucos nesta folha, dos significados que a sociedade vai imprimindo na nossa
existência inocente. Com o pensamento no ideal realista da arte-educação,
Eisner chamar o leitor para a luz que a arte pode colocar sobre o destino da
educação, a intenção do autor é melhorar o modelo humano. Para isso argumenta
sobre aquilo que a arte tem que não satisfaz a cultura racionalista de
tendência dominadora que possui objetivos de comandar, avaliar e gerir a
cultura de massa.
A
ciência era considerada fiável, o processo artístico não. A ciência era
cognitiva, as artes eram emocionais. A ciência era ensinável, as artes
requeriam talento. A ciência podia provar-se, as artes eram questões de
preferência. A ciência era útil e as artes ornamentais. Era claro para muitos,
assim como ainda hoje o é para muitos, para que lado pende a moeda. Quando o
público está preocupado com a produtividade educacional das suas escolas, a
tendência, e é uma mais forte, é para apertar para cima, comandar, avaliar e
gerir. (EISNER, 2008, p. 7.).
Quando
o autor comenta sobre o lado da moeda, penso que esteja se referindo a visão
obcecada pelo lucro. Como a arte possui parâmetros que inclui o emocional, e
portanto os sentimentos não podem ser capturados por gráfico e estatística afim
de medir o sujeito, enquadra-lo no padrão do sistema, fica complicado
compreender e aceitar os fundamentos da arte como estrutura básica para o
ensino. O poder vigente sempre encontra um motivo para fazer prevalecer a sua
vontade. Para quem comanda parece fácil seguir padrões simétricos, que pode ser
provado de forma racional, os sentimentos leva a relatividade das coisas, e
isso complica a gestão que apoia na certeza absoluta. Ao analisar os dois lados
Eisner põe em evidencia as bases que compõe a arte e a ciência, assim esclarece
o que leva um determinado grupo escolher este ou aquele modelo de
desenvolvimento na educação.
As
artes ensinam os alunos a agir e a julgar na ausência de regras, a confiar nos
sentimentos, a prestar atenção a nuances, a agir e a apreciar as consequências
das escolhas, a revê-las e, depois, fazer outras escolhas. Adquirir justamente
estas relações requer aquilo a que Nelson Goodman chama “bem de ajuste”. Os
artistas e todos os que trabalham com a composição de qualidades tentam atingir
um “bem de ajuste.” (EISNER, 2008, p.10).
Melhorar
a educação usando elementos e parâmetros da criação artística. O “bem de
ajuste” está contido no processo criativo, nos meios que dão forma a obra, ao
contrário do sistema cientifico que define o fim para depois formatar os meios.
Para o artista os meios podem justificar os fins, assim como os fins podem
justificar os meios, a arte é maleável nas regras criativas, tanto um quanto
outro sistema pode ter caráter do trabalho ajustado em processo. Na filosofia
da arte estudamos a arte como finalidade sem fim. A regra no processo criativo
é algo maleável que sofre ajuste de acordo com as necessidades do aqui agora. O
artista contemporâneo tem flexibilidade para criar de forma livre com base em
qualquer parâmetro ou sistema, simplesmente pode agir e a ação molda o objeto.
A ciência impõe e determina regras e sistemas rígidos para atingir resultados.
Na arte a regra é e não é absoluta, a ausência de regra, e a regra rígida
contribuem do mesmo modo para construir ou desconstruir forma e conteúdo. Agir
na ausência de padrão, ou usando padrão definido quer dizer confiar nos
sentimentos, sensações, na sensibilidade, nos instintos ou intuição, portanto é
mergulhar inteiro no processo criativo. Na arte razão e emoção estão contidos
em um único organismo vivo.
É
claro que há virtudes em ter objetivos e na capacidade de os concretizar. O que
é problemático é o empurrão para a uniformidade, uniformidade nos objetivos,
uniformidade nos conteúdos, uniformidade na avaliação, uniformidade nas expectativas.
Claro que para os tecnocráticos a uniformidade é uma bênção; ela elimina as
complicações — ou assim se acredita. As estatísticas podem ser um consolo; elas
simplificam o particular fora da existência.” (EISNER 2008, p.8).
Qual
é a realidade da maior parte das escolas hoje? Um emaranhado de tabelas,
estatísticas, padrões e testes, na busca frenética de capturar e tentar dar
razão as metas definidas. Portanto a procura da uniformidade do ensino
necessita da parafernália burocrática. No início do ano letivo aparecem os
relatórios de ocorrências, resultados das avaliações do ano anterior e metas
futuras afim de corrigir os erros, um amontoado de papeis, daí nasce o plano
gestor da escola. Os pais querem ver resultados, ficam atentos as notícias dos meios
de comunicação, nas reuniões querem saber se a escola do filho está entre as
primeiras do sistema nacional, não importa se o filho sofre pressão dentro ou
fora da escola, é o resultado que interessa. Acredito que incentivar seja a
melhor forma para obter bons resultados no ensino, a pressão costuma deixar
traumas por toda vida. Se depender dos radicais, o emocional e toda
sensibilidade do estudante continuam engarrafados. Aprisionar uma parte do ser
em detrimento de resultados estatísticos quantitativos é trágico para o
comportamento. No entanto faz parte do sistema de muitas escolas pressionar
afim de obter resultado, assim o homem se torna uma máquina racional fria. O
corpo quando sofre muita pressão torna-se estressado e ansioso, ou seja adoece,
perde o interesse. Quando valorizo apenas a razão, e aprisiono os sentidos crio
uma espécie de esquizofrenia que gera violência no meio social. O homem
dividido se manifesta através de explosões, desequilibrado passa a ter um
desvio de caráter no comportamento afim de manifestar os sentimentos
reprimidos. O sistema passa anos moldando o indivíduo a fim de atender as
exigências do mercado, depois a pessoa gasta décadas, ou uma vida inteira para
se tratar. Não é à toa que os donos de farmácias estão ricos e os consultórios
de psicologia lotados. Por outro lado a desvalorização do professor e o baixo
salário contribuem com a falta de qualidade no ensino.
[...]
o objetivo da educação deveria ser entendido como a preparação de artistas.
Pelo termo artista nem ele, nem eu, queremos dizer necessariamente pintores,
dançarinos, poetas ou autores dramáticos. Nós queremos dizer indivíduos que
desenvolveram as ideias, as sensações, as habilidades e a imaginação para criar
um trabalho que está bem proporcionado, habilmente executado e imaginativo que
é independente do domínio em que um indivíduo trabalha. [...] as diferentes formas de pensar,
precisas para criar trabalhos manuais artísticos, não são apenas relevantes
para o que os estudantes fazem. Eles são virtualmente relevantes para todos os
aspectos que fazemos, desde o projeto do currículo, à prática de ensinar, às
características em que os estudantes e os professores vivem. (EISNER, 2008,
p.9).
Hoje
quando queremos agradar alguém dizemos que o sujeito é um artista na sua
profissão, uma forma de elogio, de dizer que a pessoa trabalha bem. A questão
sonhada por Eisner e muitos educadores ainda vai demorar para acontecer
completamente, talvez se houver uma revolução do tipo que ocorre após uma
guerra mundial, ou uma epidemia nos moldes da peste espanhola, quando o homem
põe em cheque os seus valores vigentes, quem sabe? Alguns profissionais da
esducação vem dialogando no meio social e na escola sobre o engano de
transformar aluno em soldado obediente das fabricas. Lembro bem de muitas aulas
de arte onde ensinamos o aluno a interpretar textos, e ser protagonista do
próprio destino. E são horas e mais horas de teorias e práticas tentando
desobstruir os bloqueios, aquilo que impede o aluno de se expressar de forma
livre, inteiro. É necessário valorizar a imaginação, as formas diferentes de
pensar, desenvolver ideias, sensações, sensibilidades afim de criar obras
significantes, bem feitas com objetivo de refinar alguns comportamentos.
Como
professores experientes, sabemos que o caminho mais certo para o inferno numa
sala de aula é seguir o plano da aula, independentemente de tudo o resto. [...] nós pomos uma maior ênfase na previsão
e controle do que na exploração e na descoberta. A nossa inclinação para o
controle e previsão é, num nível prático, compreensível, mas também exige um
preço; nós tendemos a fazer coisas que sabemos como prever e controlar.
(EISNER, 2008, p.11).
O
plano de aula com toda certeza deve ter espaço para cotejos de improviso, aula
criativa, e o artista conhece bem este recurso. Quando falta o texto no momento
da ação cênica, entra o jogo de cintura, a flexibilização do texto, e são
várias as situações que obriga o professor a usar este elemento adaptador de
aula. Quando dá branco no ator em cena, ele se auto reprograma no mesmo
instante, cria uma realidade dentro de outra, portanto abre novo jogo cênico.
Quando o aluno surpreende a sala com perguntas complexas exige do educador uma
contrapartida à altura do desafio. Mas a cultura da previsão e controle tem
dificuldade de lidar com o imprevisto não admite o improviso criativo. Muitas
vezes a emoção se rebela e cria embaraços na razão, e este tipo de situação é
corriqueiro na escola, quem lidada com crianças e adolescentes sabe bem disso.
A
forma que nós usamos para mostrar os dados define o seu significado.
Diretamente relacionado com a relação forma-conteúdo está uma quarta lição que
as artes ensinam à educação. É esta. Nem tudo o que conhecível pode ser
articulado de forma proposicional. Os limites do nosso conhecimento não são
definidos pelos limites da nossa linguagem. Tais formas de pensamento integram
o sentimento e o pensamento de modo que os tornam inseparáveis. Sabe-se que se
está certo porque se sente as relações. Modifica-se o trabalho e sente-se os
resultados. As sensibilidades entram em jogo e refinam-se no processo. (EISNER,
2008, p.12).
Na
arte aprendemos com as linguagens objetivas e subjetivas; percebemos, sentimos
e lemos formas abstratas e figurativas com o mesmo valor. Na arte sabemos que o corpo fala sem texto e
o gesto não mente. Quando nos comunicamos emitidos ao mesmo tempo inúmeros
sinais, formas conscientes e inconscientes. Nós nos comunicamos através de
códigos, palavras, símbolos, textos normalmente carregados de emoção e razão
que atingem concretamente o espectador. Por mais que desejamos ser distanciados
dos sentimentos afim de passar uma mensagem clara e objetiva, alguma sensação
escapa pelos dedos e o rosto costuma ficar vermelho. A forma aparece carregada
de conteúdos sensíveis quando passa pelo filtro da expressão corporal. Ao dizer
algo uso de uma forma especifica para transmitir a mensagem, e esta forma
contribui ou não para a mensagem. Posso desenvolver uma técnica de
interpretação de texto interessante, falar bem em público e tal, mas o conteúdo
precisa também ser consistente e cativante do mesmo modo. Posso conhecer muito
bem o conteúdo a ser transmitido, mas a forma como falo e me expresso conta
muito afim de tornar a mensagem bem aceita ou não. Muitas vezes o artista
estuda um método anos a fio, treina o corpo na intenção de apurar a técnica de
transmissão do conteúdo, com isso pretende ser um bom interprete. Um texto lido
de forma neutra, sem emoção, é diferente quando ganha o colorido da
interpretação, onde emissor e texto se fundem em um único gesto orgânico, é
desta forma que o professor cativa a sala e o ator ganha o seu público. Uma leitura ou interpretação de texto quando
passa pela gravação de um instrumento mecânico é diferente de quando é encenado
ao vivo. A presença física tem a capacidade de projetar som e imagem mais
fortes e significantes do que os aparelhos retransmissores, como: rádio, tv,
celular e cinema, etc. A cena ao vivo é muito mais poderosa. A vida ao vivo tem
cor real, é bem mais interessante que a virtual. Como diz Eisner (2008) que: “A
forma que nós usamos para mostrar os dados define o seu significado”.
Precisamos
de ajudar os estudantes a aprender a perguntar não só o que alguém está a
dizer, mas como é que alguém construiu um argumento, uma partitura ou uma
imagem virtual. Fazer juízos sobre a forma e como as qualidades devem ser
organizadas não depende da fidelidade a uma fórmula; não há nada no tratamento
artístico de uma composição como a atividade de fazer e de adequar, na aprendizagem
do soletrar ou do aprender a usar algoritmos, para provar operações básicas de
aritmética. Na soletração e na aritmética há respostas corretas, respostas cuja
correção pode ser provada. Nas artes os julgamentos são feitos na ausência de
regras. (EISNER, 2008, p.10).
É
importante conhecer os processos criativos, não basta apenas entender o
conteúdo e interpreta-lo de qualquer jeito, a experiência criativa de
construção da obra é fundamental. Saber que a arte é boa para desenvolver as
potencias do aluno não basta, é necessário pôr a mão não massa e aprender como
se cria tal e quais pensamentos ou objetos artísticos, compreender o tema e
como ele pode ser construído de várias formas faz toda a diferença.
É
aí, na valorização da experiência que os três filósofos epistemólogos se
encontram: Dewey, Paulo Freire e Eisner. Se para Dewey experiência é
conhecimento, para Freire é a consciência da experiência que podemos chamar
conhecimento. Já Eisner destaca da experiência do mundo empírico sua dependência
de nosso sistema sensorial biológico, que é a extensão de nosso sistema nervoso
ao qual Susanne Langer chama de “órgão da mente. (BARBOSA, 2009, p. 33).
Na
aula quando o aluno compreende a necessidade do homem em relação a arte através
da teoria, representa meio caminho andado, a outra parte ele vai poder
descobrir e sentir quando em processo criativo, no como se faz, aí entra a
experiência que dá o acabamento final na percepção. O processo criativo ou
experiência é a cereja do bolo do conhecimento. A teoria e saber interpretar o
texto é o mapa da mina da obra, e o como criar o texto, é o tesouro nas mãos. O
aluno através do entendimento da teoria e prática da arte ganha gosto pelo
protagonismo, assim passa a viver noutro patamar existencial. Os processos criativos
são recheados de razão e emoção sincronizados, aí o aluno entende o valor do
ser integral, seja quando se expressa através da arte ou no cotidiano dentro do
comportamento natural. Agora para isso acontecer tem que haver a revolução no
ensino. Outro fator que prejudica e é um desrespeito são salas de aulas com
excesso de aluno, grande volume de estudantes mina qualquer sistema de
valorização da pluralidade. Portanto fica de um lado o trabalho de valorização
das diferenças, na procura da personalidade consistente, e do outro o poder
dominante de mentalidade absurda, da regra geral, na tentativa de explorar e
conduzir a cultura de massa rumo ao egoísmo consumista do mercado. Daí fica
mais fácil controlar as massas através do absolutismo, é cômodo para o
professor e diretor resolver uma situação com regra geral e ditadura. O poder
impõe sua vontade usando a força e a opressão, não enxerga outra forma de
controlar as grandes massas. Basta olhar para a China para se ter uma macro
imagem do que representa o cultura de massa. Hoje muita gente no Brasil
concorda com a valorização cultural do aluno, pluralidade no ensino, etc. Cada
aluno é um. Portanto a realidade é outra, sala de aula quase sempre
superlotada, burocracia, poder econômico e partidarismo político manipulando e
ditando regras. A profissão do professor consciente virou uma briga de Golias
contra Davi. Daí a necessidade do planejamento, a curto e a longo prazo afim de
aperfeiçoar o sistema educacional.
Temos enormes desafios na área da arte-educação, mas conhecimento
suficiente para enfrentar cada um dos problemas com dignidade. A nossa
necessidade de conhecimento bem como as novas tecnologias nos obrigam a buscar
constantemente atualizações curriculares. A cada dia avançamos e temos
oportunidades para evoluir, aparecem novos aparelhos e programas que facilitam
a transmissão da teoria e prática, o que é interessante e desafiador. Por outro
lado devemos refinar a educação em todos os sentidos. Em função destes fatos
precisamos incentivar a pedagogia do diálogo, criar uma comunicação que
funciona entre todos os interessados no desenvolvimento e melhoramento dos
métodos de ensino aprendizagem, que seja interativo e democrático e com foco na
qualidade. Por outro lado notamos que a maior parte das escolas não estão
preparadas para aplicar avaliações consistentes, hoje a educação peca, tem
precariedade na qualificação de profissional para conhecer e tratar melhor cada
aluno. Nosso esforço deve se concentrar no bem estar, saúde física, mental e
espiritual do estudante. No entanto
percebemos esforços na direção de aprimorar e ajustar a metodologia do ensino.
Podemos deixar mais humano e realista a convivência plural, na busca do melhor
método, dentro do contexto atual do país, assim criar um modelo didático
humanizado e sensível. O Brasil é um país novo que foi colonizado por um povo de mentalidade
expansionista e controlador, daí esta cultura provocou uma divisão social
economicamente injusta até os dias atuais. Necessitamos aumentar a oportunidade
da boa educação, pelo menos no quesito em ter acesso aos meios com conteúdo
útil e eficaz para o desenvolvimento adequado de cada aluno. Ainda hoje temos
grande influência políticas e religiosas interferindo no processo de gestão da
educação, o que é um equívoco. Por sua vez algumas famílias preferem ainda hoje
ver seus filhos trabalhando pelo fato de contribuir economicamente no sustento
familiar devido a realidade econômica brasileira, daí a educação vir em segundo
plano em determinados setores da sociedade. Observamos que alguns jovens
preferem trabalhar, ganhar dinheiro para obter prazer imediato ao invés de
investir na pessoa dele através do currículo escolar. Hoje temos muitas
atrações interessantes fora da escola atraindo a atenção dos alunos. Daí o
sistema de ensino deve procurar atrair as crianças, adolescentes, jovens e
adultos, com atividades interessantes afim de trazer novamente aquele aluno que
parou de estudar e manter os já matriculados. Atualmente temos várias
realidades sociais, econômicas e políticas na educação, a diversidade cultural
e a realidade brasileira exigem uma compreensão humanizada desta situação.
Devemos buscar caso a caso a melhor solução para resolver tais conflitos de
forma justa, com objetivo de atingir o melhor modelo possível de escola. A
avaliação é importante no cotidiano, cada encontro com o aluno possibilita
oportunidade de avanço, avaliar sem que o aluno perceba, sem ansiedade e
estresse com as notas. Os indicadores
ajudam a orientar alguns aspectos de ordem na gestão escolar, mas não são a
única solução definitiva para uma educação de excelência. O valor em demasia do
quantitativo em detrimento do qualitativo desequilibra o sistema de ensino,
existe um excesso de provas e testes desnecessários. A educação não deve ser
uma pressão sistemática, tortura de tarefas e medições, mas valorizar o esforço
do aluno e seu progresso diário. Aprender com prazer na medida certa. Evasão
escolar significa sistema burocrático fora da realidade cultural e necessidade
do aluno. O modelo atual de escola está despreparado para absorver milhões de
estudantes, com as respectivas diferenças sociais e toda complexidade humana. É
vital perceber a realidade da comunidade onde o aluno está inserido para
ensinar com consciência. Todas as pessoas merecem respeito. Tem o problema
salarial do professor que ganha pouco e não tem incentivo para investir na
própria educação. Devemos por outro lado lembrar que o sistema é cruel e
seletivo, mas oferece oportunidades. O arte-educador deve criar e apontar novas
realidades possíveis, incentivar a pesquisa em busca de respostas e paradigmas,
discutir fuga e sublimação com o aluno. O professor deve procurar ter
comportamento exemplar, incentivar a ética no meio escolar e ser honesto nas
atitudes procurando o melhor modelo de ser humano. Entender que os conflitos no
cotidiano escolar assim como na vida são recorrentes e nos ajudam a melhorar
como pessoas. É preciso ver o problema como oportunidade de desenvolvimento. A
cada dia a nossa necessidade de sobrevivência nos obriga a reinventar a roda do
ensino teórico e prático. O Brasil é um país novo que foi
colonizado por uma cultura de dominação que manteve uma divisão social
economicamente injusta até os dias atuais, pelo menos no quesito em ter acesso
a alguns meios que levam a um conteúdo útil e eficaz para o desenvolvimento
adequado do aluno. Ter acesso ao bom conteúdo e orientação fazem toda diferença
na vida do estudante na atual conjuntura de país participante do mundo globalizado.
Apesar de tais enganos e injustiça, podemos ver uma corrente favorável no
sentido de esforço em priorizar a educação plural e resgatar aluno
desestimulado. A educação não pode estar vinculada ao poder econômico e
interesses corporativos. Torna-se necessário usar a imaginação e o conhecimento
para contornar as dificuldades de momento. Devemos lembrar que a maior
revolução acontece no dia a dia na sala de aula entre professor e aluno, existe
fracasso e acerto nesta relação, o meio escolar é o espelho do cotidiano.
Apesar dos avanços que conquistamos até aqui a educação no Brasil carece de
mais cuidados por parte de todos. Tem um ditado popular que diz para haver
progresso, uma geração necessita superar a anterior em pelo menos trinta por
cento, caso contrário a cultura fica estagnada, portanto os esforços nas
melhorias devem acontecem sistematicamente. Para tudo funcionar bem na educação
torna-se necessário uma união sincera e muita persistência de todos. Buscar
praticar a pedagogia do diálogo dentro do regime democrático, respeitando as
leis e normas vigentes. O aluno deve ser orientado e incentivado a ser
protagonista, dentro e fora da escola. Devemos valorizar o esforço e incentivar
a busca pelo conhecimento. Sabemos da importância do investimento na pessoa
humana, portanto é preciso apoiar não apenas aluno e professor, mas todos que
estão envolvidos direta ou indiretamente na estrutura que compõe a rede de
ensino. Com
certeza a educação tem muito a aprender com a arte, e vice-versa, fazendo da
arte-educação um dos pilares consistentes do ensino/aprendizado. É sempre bom
lembrar que a diversidade é a celebração das diferenças, e a educação o melhor
meio para o desenvolvimento do aluno e sociedade.
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