A ARTE-EDUCACÃO COMO ESTRUTURA DO DESENVOLVIMENTO EXPRESSIVO INTEGRAL DO ALUNO PROTAGONISTA EM DIFERENTES ETAPAS DO ENSINO-APRENDIZADO

C.Lafaiete, MG, 2022.

MAURÍLIO TADEU DE FREITAS

  Projeto de pesquisa apresentado ao curso de pós-graduação da FAVENI - Faculdade Venda Nova do Imigrante a ser utilizado como diretrizes para manufatura do Trabalho de Conclusão de Curso.

A ARTE COMO ESTRUTURA DO DESENVOLVIMENTO EXPRESSIVO INTEGRAL DO ALUNO PROTAGONISTA EM DIFERENTES ETAPAS DO ENSINO-APRENDIZADO

 Trabalho de dissertação aprovado como requisito parcial para obtenção de título no curso de pós-graduação no Ensino da Arte.

                                                           AGRADECIMENTOS

 Meus sinceros agradecimentos a todos que, de alguma forma, contribuíram para que a conclusão deste trabalho se tornasse possível:

 A Deus que está sempre presente em todas as etapas da minha vida.

A minha família pelo apoio e incentivo de sempre.

Ao professor, orientador e coordenador do curso do Ensino de Arte por estar disponível.

A Faculdade FAVENI pela atenção e acolhimento.                                                                                                         MAURÍLIO TADEU DE FREITAS 

“Quando uma discussão sobre uma específica obra de arte se amplia para uma discussão sobre a arte em geral é porque mudamos a crítica para a estética. Quando seus alunos estão comparando as qualidades expressivas da música com a pintura estão lidando com o domínio da estética.” Ana Mae Barbosa

“...desse modo, para um aluno se motivar a aprender algo, é preciso que o professor arranje o ambiente de tal forma que evoque, provoque e desperte o desejo, a necessidade e a vontade do aluno em atingir um objetivo traçado.” LIMA

                                   Índice

Capa..............................................................1

Contracapa....................................................2

Banca Examinadora.....................................3

Agradecimentos............................................4

Nota de alusão..............................................5

Índice..............................................................6

Resumo..........................................................7

Abstract.........................................................8

Consciência Expressiva......................................................9

Fase quanto ao desenvolvimento físico-expressivo.....................................................11

Arte-educação na adolescência.................................................13

A motivação e suas características..............................................16

A pirâmide de Maslow..........................................................17 Autoconceito e o que influencia na aprendizagem...............................................17              A consciência da expressão corporal através da intepretação cênica............................................................18              Relação entre erro e produção do fracasso na escola....................................................19 e 20  Bibliografia....................................................21

                                                                                                                          RESUMO

 O aluno tem um corpo físico expressivo capaz de reagir e responder aos desafios da vida, daí a necessidade do desenvolvimento das potencias deste corpo para ele ser presente, integral, protagonista e centrado no aqui-agora a fim de possibilitá-lo a reagir da melhor maneira possível frente a existência.  A escola e o arte-educador têm a missão de criar o ambiente adequado para o aluno expandir a sua consciência corporal, e para isso acontecer é importante que ele receba os subsídios necessários para buscar a sua própria expressividade. O corpo treinado cria imagens representativas inspirado em si mesmo e no meio em que vive, toda essa biblioteca imagética tem a ver com a herança cultural que recebemos. A cultura de um povo se expressa no cotidiano, somos frutos do meio e com capacidade de transformar a nós mesmos e a sociedade. Até certo ponto copiamos comportamentos externos, mas quando atingimos a plena fase adulta com consciência pessoal e coletiva, passamos a criar imagens expressivas próprias, adquirimos personalidade comunicativa, linguagem corporal singular que é a consequência da nossa interpretação do mundo onde vivemos. 

                              ABSTRACT

The student has an expressive physical body capable of reacting and responding to the challenges of life, hence the need to develop the potentials of this present, integral, protagonistic body, centered on the here-now, in order to enable him to react in the best possible way. the existence. The school and the art educator have the mission of creating the right environment for the student to expand their body awareness, and for this to happen, it is important that they receive the necessary subsidies to seek their own expressiveness. The trained body creates representative images inspired by itself and the environment in which it lives, this entire imagery library has to do with the cultural heritage we received. The culture of a people is expressed in daily life, we are the result of the environment and capable of transforming ourselves and society. To some extent we copy external behaviors, but when we reach full adulthood with personal and collective awareness, we start to create expressive images of our own, we acquire a communicative personality, a unique body language that is the consequence of our interpretation of the world in which we live.

                  A Consciência Expressiva

  A Arte é conhecimento e diversão, e este fazer artístico com seus processos criativos escreve uma história maravilhosa sobre a humanidade. Vivemos em um mundo repleto de imagens transportando mensagens em diversas linguagens, daí a importância da conscientização corporal afim de potencializa a comunicação. O homem tem o poder de criação, assim materializa figuras num espaço que antes não existia nada, o artista sabe bem como é interpretar, imaginar e criar situações simbólicas a partir de um simples pensamento.  Existe arte em todos os lugares porque transformar o cotidiano em simbologia é algo universal, necessário e atemporal. Quando vamos para a rua podemos apreciar letreiros do comercio, vitrines, ruas, praças, prédios, igrejas, jardins, praças, casas, arquiteturas, esculturas, pinturas etc., um conjunto inestimável da nossa memória cultural material e imaterial.  Para (BARBOSA, 2017) “aprender a linguagem da arte implica desenvolver técnica, crítica e criação e, portanto, as dimensões sociais, culturais, criativas, psicológicas, antropológicas e históricas do homem.”  Portanto é necessário observar a expressão corporal, sentir e ouvir quando respiramos, esculta nosso interior, observar como agimos no meio onde estamos, sempre atentos e relaxados nos processos artísticos.  Quando o artista cria uma obra abstrata ele transmite e comunica-se usando da expressão sem formas definidas através do instituto imaginativo e com os sentimentos. A imagem abstrata é justamente a figura sem forma definida, o desenho da performance acontece com a ausência figurativa. Entendemos a obra de arte quando desenvolvemos a cultura da percepção da imagem, como: sentir, conceituar, criticar e apreciar, o que faz do expectador um elemento necessário na criação, o público completa a obra. Os processos criativos na arte potencializam a cognição, ampliam a experiência individual e em grupo.  No teatro por exemplo, do ensaio a encenação com público vivenciamos uma odisseia de aprendizado, a linguagem cênica teatral é uma arte completa porque cabe nela todas as outras artes, como: interpretação, texto, cenário, figurino, maquiagem, vídeo, fotografia, dança, circo, música vocal e instrumental, pintura, desenho, dramaturgia, sonoplastia, escultura etc.  Com certeza há transformação de entendimento quando estudamos teatro, é uma ótima escola das linguagens e da expressão artística, com enorme influência no cotidiano. A vida copia a arte e vice-versa, uma via de mão dupla.  Na encenação de uma peça, a técnicas trabalha o ator/artista em toda a sua estrutura física, mental e espiritual. Quando assistimos um espetáculo ficamos diante do homem de carne e osso, sem passar por câmeras ou outro aparelho tecnológico. O teatro é uma arte de grupo e precisa pelo menos de um expectador e de um ator para existir. O ser integral autônomo é uma forma eficaz da representação humana e de transmitir conhecimento, daí vem a força dramática, cômica e trágica da intepretação cênica.  Em função disso a arte-educação mostra que possui elementos universais que através de uma didática atualizada do arte-educador contribui no desenvolvimento expressivo, físico e psicológico do aluno. Isso quer dizer que quando represento um protagonista no palco aprendo a atuar também como protagonista na realidade, ou seja, ser cocriador em ambos os universos, ficção e mundo real. A linguagens artísticas é estilosa, a estética do corpo no espaço cênico possui método e técnica corporal de representar imagens, que vão do realismo ao surrealismo.  Portanto o arte-educador precisa conhecer bem o ofício do artista e a sua necessidade de se expressar. Para encenar uma peça, ou seja, interpretar, cantar e dançar precisamos desenvolver a técnica da interpretação.  O atuante precisa conhecer e treinar a expressão corporal afim de comunicar bem suas ideias usando do caráter lúdico de contar história no palco. Contamos histórias e estórias todos os dias utilizando da expressão e comunicação. Na arte rupestre, pré-história, o homem já desenhava nas paredes e representava de forma corporal situações do cotidiano.  A arte é a nossa história contada através da linguagem simbólica, a estética no estilo da percepção expressiva. Representar situações da vida é atemporal, universal, não sabemos quando começamos a criar nossas primeiras músicas. Os portugueses quando aqui chegaram encontraram o fazer artístico nos povos indígenas que aqui habitavam, o índio pintava, desenhava, criava e desenhava nas cerâmicas, confeccionava enfeites como o cocar e tinham uma percepção fantástica de arquitetura, ou seja, a arte existe desde que o mundo é mundo. Só uma metáfora para explicar outra metáfora. É desafiador vivenciar a experiência de compor uma obra. Podemos dizer que da arte rupestre até a arte contemporânea foi uma grande evolução expressiva e tecnologia, prova que evoluímos. As novas tecnologias invadem o mercado das redes sociais, publicidade, e cada dia se torna mais populares, a indústria cultural age rápido e está em quase todos os lugares do nosso planeta.  Sabemos que a didática lúdica é infalível na transmissão do conhecimento. O corpo expressivo gera imagens de forma natural no cotidiano e artificial na arte, e quando atua de forma integral tem grande impacto de convencimento. A mensagem corporal pode ser verbal e não verbal.  Nos processos artísticos refinamos a nossa forma de comunicação, o que exige um corpo específico e treinado, portanto arte-educação é um lugar interessante para aprendermos a falar em público e a nos conhecer melhor. Criamos a arte porque precisávamos ir além para explicar nossa existência. Conforme Ferreira Gullar “A arte existe porque só a vida não basta.”  Prestar a atenção no gestual humano, ver como os 1200 músculos se movimentam quando nos expressamos. Com o corpo criamos holografias vivas capazes de transformar as pessoas, para o bem ou para o mal. Nossa imagem expressiva tem poder de criação, recriação e revolução, podem mudar o nosso padrão de comportamento. O atuante protagonista sabe bem da fonte criativa que é a imaginação. Em função disso é vital estudar a consciência da nossa totalidade para explorar toda potência criativa e assim fazer da transmissão de conhecimento na arte um palco de diversão.  

Fase Quanto ao Desenvolvimento Físico-expressivo

A escola através dos processos artísticos representa um espaço rico para o desenvolvimento das linguagens expressivas e psicofísica da criança, adolescente e do adulto.

 “Na idade escolar, a criança desenvolve processos de pensamentos lógicos que podem ser aplicados a problemas reais, ou seja, ela começa a fazer reflexões mais complexas sobre os fatos. As crianças do ensino fundamental não só sabem mais do que as crianças da etapa precedente, como também têm mais recursos para planejar e utilizar, de forma eficiente, suas aptidões quando se deparam com um problema [...]. (MARTÍ, 2004, p. 233). “

     Neste ponto a arte-educação contribui e muito para a autonomia do estudante porque os anos escolares possibilitam ao aluno vivenciar uma verdadeira revolução no conhecimento pessoal, social, político e econômico. Trabalhar a expressividade desenvolve a visão espacial do aluno, dá a chance de ele conhecer o próprio corpo e assim explorar todas as possibilidades de comunicação verbal e não verbal.  Nos anos escolares a criança começa a realizar formas de pensamentos, conceitos mais elaborados da realidade, neste período adquire recursos fundamentais de análise dos fatos e uma maior compreensão do meio em que vive. Podemos aproveitar as fases da idade escolar afim de utilizar a experiência artística e daí potencializar a cognição, o que leva também ao entendimento do saber aprender.  Existe no sistema de ensino todo um aparato programado de acolhimento, cuidado e apoio para o pleno desenvolvimento do aluno protagonista afim de possibilitá-lo planejar e utilizar suas aptidões diante dos conflitos pessoal e social.  A escola é um núcleo social de formação onde através da arte o aluno aprende a refletir com os simbolos para compreender melhor o seu corpo expressivo e assim vivenciar de forma plena as regras definidas de liberdade com responsabilidade. Conviver em grupo na diversidade ensina o aluno a dividir espaço com outra pessoa de diferente nível cultural, social e econômico, cria oportunidade para refinar o conhecimento, como: relação de igualdade, cooperação, competição, submissão, liderança, autonomia etc.

“Parece evidente que a interpretação que cada criança faz dos resultados obtidos na escola não só intervêm variáveis do tipo pessoal como também o estilo atributivo; os processos de comparação social e, principalmente, o professor constituem também claras fontes de influência [...] a atitude e a conduta do professor com o aluno se revelam como fator determinante para a valoração que este faz de sua competência acadêmica (PALÁCIOS; HIDALGO, 2004, p. 261).”

      O arte-educador tem papel vital na formação do aluno, daí a necessidade do caminhar em direção ao desenvolvimento do cuidado e do afeto proativo, assim o aluno ganha confiança para desenhar o seu destino. Portanto o papel das artes serve como adubo para o pleno desenvolvimento expressivo do estudante. Dentro do ambiente escolar deve existir recurso material, arquitetônico, humano e tecnológico disponíveis. Conforme (Campos, 2013), “Compreender que o conhecimento das características de cada fase ou etapa do desenvolvimento tem implicações diretas na prática pedagógica seja na elaboração de atividades ou no acompanhamento e avaliação do aluno.”  Cada fase ou etapa do desenvolvimento humano tem características particulares e universais, situação que exige uma organização pedagógica do professor condizente com o perfil cultural e o meio onde vive cada aluno, portanto, podemos aproveitar os ciclos da idade e a bagagem que vem com o estudante para ministrar processos criativos condizentes com tais períodos da vida. O fato de a arte ser conhecimento e diversão facilita a empatia do aluno com a matéria. Os processos artísticos contribuem para o pleno desenvolvimento cognitivo, portanto, é vital incentivar a arte na escola. No fazer artístico o estudante aprende a estar atento e relaxado ao mesmo tempo. É fato que a expressão corporal através do teatro, dança, música, pintura, escultura, e todo tipo de arte, facilitam a consciência do ser integral. O aluno tem potencial para adquirir habilidades especificas em cada fase da vida, portanto, as atividades artísticas devem ser ministradas respeitando o potencial psicofísico de cada aluno. A imagem corporal é gerada a partir da nossa reação ao meio em que vivemos, quanto maior a consciência corporal e simbólica artística, melhor vou saber transmitir minhas ideias, sentimentos e emoções na vida real. E paz não significa ausência de conflitos, significa saber resolvê-los de forma digna, é muito importante saber falar em público. Todo saber e conhecimento que recebemos vem da nossa herança cultural, e a cada geração nosso conhecimento se expande. É vital para o bem-estar físico expressivo dominar algumas linguagens da comunicação e os meios tecnológicos disponíveis. Nosso corpo é o principal elemento na construção de qualquer comunicação, imagem, é a partir dele que consigo viver e conviver bem porque aprendo como me expressar de acordo com as necessidades de momento, questão vital para o bem-estar físico e mental. Precisamos desenvolver nossa psicologia expressiva desvendando o funcionamento da técnica e método na arte da representação, a partir desta consciência vou distensionar o meu corpo, assim posso produzir arte e transmitir as ideias, sentimentos e emoções, dentro do equilíbrio precário, sensível.

             Arte-educação na Adolescência

    Na adolescência a pessoa começa a participar de grupos por afinidades quanto ao sexo, idade e classe social, o autoconhecimento passa a fazer parte do dia a dia do aluno proporcionando melhor percepção do eu e do outro, possibilitando maior clareza quanto aos sentimentos e o raciocínio, assim pode avaliar o comportamento de estar ou não satisfeito, contente ou descontente.  Para isso toda escola necessita de uma estrutura adequada a fim de acolher, cuidar e proporcionar ao aluno as condições para perceber, avaliar e refinar a autoestima, o que facilita o seu projeto de vida. No período escolar o aluno deve ter a chance de sonhar e planejar o seu próprio futuro, assim estruturar melhor o seu autoconceito e a sua sociabilidade. A adolescência é o momento da vida onde se estrutura a identidade pessoal do jovem quando ele passa a lidar com a crítica e a autocrítica, portanto ele amadurece e desenvolve o seu corpo e a psicologia. E situações transformadoras causam estranheza, incomoda sair da área segura, é uma fase rica tanto no corpo expressivo quanto da mente. E não é fácil lidar com situações novas o tempo todo, existir é um desafio. Os conflitos são muitos e como todo ciclo da vida, a puberdade necessita de certos cuidados especiais em pleno desenvolvimento. Segundo Kail (2004),” Na adolescência, os jovens tornam-se mais altos e pesados e amadurecem sexualmente. Nesse momento, é disparado o relógio biológico que coloca em funcionamento as glândulas para a produção dos hormônios estrógeno (em grande quantidade nas meninas) e testosterona (predominante nos meninos).” No ambiente escolar acompanhamos mudanças no corpo físico e no humor do aluno, podemos observar tais mudanças na linguagem expressiva verbal e não verbal do aluno. Neste ponto é fundamental fazer a leitura da linguagem psicoexpressiva do jovem afim de ajudá-lo a elaborar melhor os conflitos que surgem. Portanto é vital entender da questão biológica e psicológica nesta fase sensível, e transformadora.  Dentro da arte-educação estudamos a linguagem expressiva de cada fase do desenvolvimento do aluno afim de aplicar em cada etapa processos artísticos adequados, o que contribuem para a resolução dos problemas dos ciclos de aprendizagem. Em função disso podemos citar por exemplo o teatro, esta arte cênica trabalha em grupo e estuda a vida individual dos personagens, isso faz com que o aluno desenvolva uma autonomia da crítica e da autocritica, levando-o a interpretar e compreender o seu próprio corpo; está consciência corporal expressiva é necessária para aliviar a tensão nas mudanças repentinas de humor e corporal. O teatro é o mais completo das artes, conforme (Barbosa, 2007), “dentro do teatro podemos utilizar todas as artes.”  Devemos aproveitar disso para explora o corpo na sua totalidade. Dentro de uma cena ou de uma peça cênica cabem as artes visuais como um todo, o cenário cria a noção de onde os atuantes estão localizados e como são construídos cada detalhes de toda escultura da cenografia teatral, portanto desenvolve a visão espacial. A sonoplastia faz entender a importância do ouvir para poder então criar a música, sons e ruídos cênicos. A linguagem corporal dos atuantes das artes cênicas, ator e atriz quando interpretam os diálogos do texto através da fala, canto e dança criam a percepção de como o personagem se comportam no palco de forma individual e coletiva, proporcionando também tal conscientização na vida real. O teatro é democrático por natureza e sua diversidade trazem inúmeros benefícios para a educação infantil, fundamental e ensino médio.

“O adolescente constrói sua identidade coordenando as representações a respeito de si, seus projetos e expectativas de futuro e suas experiências passadas. Portanto, a identidade pessoal do aluno vai estar vinculada à sua própria história de vida. Contudo, nem sempre é fácil sua identidade pessoal. Essa construção fica subordinada a sucessos e fracassos vivenciados, os quais possibilitam sentimentos contraditórios.”  (TIBA apud HOFFMANN, 2005).

O adolescente transita entre a criança e o adulto, daí grande variação no humor caracterizado pela mudança súbita dos sentimentos e emoções. A questão da autoafirmação nesta fase da vida é acentuada e surgem conflitos no meio familiar, na escola, e do adolescente consigo mesmo. Dependendo da pressão que o jovem passa no momento ocorrem fugas tanto para uma representação adulta quanto de criancices. Geralmente o adolescente se sente o dono da verdade e passa a desafiar autoridades, hierarquias e instituições. As atitudes muitas vezes são temperamentais e passam de um raciocínio lógico para uma emoção exagerada podendo abandonar família, escola, amizade, e ao mesmo tempo agir de forma comportada. Em determinadas situações tem receio de agir de maneira inadequada para não sofrer rejeição, ou como se diz na gíria: não quer pagar mico na frente de ninguém. Segundo Campos, “Para alcançar sua identidade, os jovens também passam da confusão para a onipotência pubertária, caracterizada por arrogância e revolta. Surge, ainda, a necessidade de se afirmarem, de terem razão e de serem aceitos.”  Portanto de acordo com o amadurecendo tais oscilações entre expansão e retração, diminuem. É uma fase que quando acolhida e apoiada pelo arte-educador através dos processos criativos artísticos desenvolve a consciência do protagonismo social, facilitando a transição para o ciclo adulto. A arte-educação na escola é um espaço crucial para desenvolver a autonomia do adolescente, contribui para distensionar os conflitos próprios desta idade. Devemos lembrar que o jovem vive um paradoxo que a angústia em razão da cobrança social, na verdade é exigido do jovem um comportamento maduro com relação a algumas questões, e, ao mesmo tempo, julgam-no jovem demais para outras, portanto em determinados momentos ele fica sem saber como agir diante de determinadas situações. Outro grande paradoxo a ser enfrentado é relativo ao confronto de valores construídos pela família e aquilo que ele passa a conhecer fora de casa. Nossa sociedade passa anos educando o jovem para ser perfeito, esquece muitas vezes que o homem é ignorante em muitos assuntos. A questão da tragédia grega acontece justamente quando o personagem protagonista não consegue atingir 100% da moral vigente, por exemplo, o personagem trágico Édipo Rei fura os próprios olhos quando descobre que se casou com a sua própria mãe, algo moralmente condenado na sociedade, o incesto é inadmissível para Édipo. A tragédia é o homem querendo ser algo além da natureza humana. Algumas culturas passam dezenas de anos educando para a perfeição, e outras dezenas de anos o indivíduo passa no consultório do psicólogo para desconstruir tais mentiras comportamentais. É um grande erro valorizar a razão enquanto aprisiona a sensibilidade. Portando todo cuidado na educação do jovem para não exigir algo além de sua capacidade. Ter a consciência do gesto expressivo faz o corpo se autocorrigir em qualquer parte do pensamento e da fala. Segundo (PALÁCIOS; MORA,2004, p. 68). “A psicomotricidade está ligada às implicações psicológicas do movimento e da atividade corporal na relação entre o organismo e o meio em que ele desenvolve.”  Nossa forma de andar e falar estão ligados a psicomotricidade. Conforme Mora, 2004. [...] A meta do desenvolvimento psicomotor é o controle do próprio corpo até ser capaz de retirar dele todas as possibilidades de ação e expressão possíveis. [...]Na arte-educação como um todo existem vários processos artísticos que podem auxiliar no desenvolvimento psicomotor expressivo do adolescente.  

          A Motivação e Suas Características

  É importante criar as condições para a motivação porque ela contribui para a realização dos sonhos e do desenvolvimento das potencias do aluno.  É necessário ter um proposito a ser alcançado, e estar inspirado aumenta a chama da centelha divina em nosso interior, assim podemos produzir ações interessantes como o simples prazer do pensar, ou até a alegria da realização pessoal. Um estado interior incentivado direciona e mantém o comportamento proativo para realizar tarefas, é caracterizado pelos impulsos em busca de realização. Outros fatores como incentivo, pressão social, medo, interesses, curiosidade, crença etc. também contribuem para direcionam o comportamento do aluno afim atingir determinada meta. A busca do melhor ambiente e conteúdo para acionar a vontade do aluno também inspira o arte-educador.

 “Algumas explicações de motivação baseiam-se em fatores pessoais internos, como necessidades, interesses, curiosidades e prazer; já outras explicações enfatizam fatores ambientais externos, tais como recompensas, pressão, social etc.”  (Woolfolk, 2000)                                                       Podemos classificar a motivação de intrínseca e extrínseca, a motivação intrínseca é quando estamos internamente, intimamente motivado, pois a atividade planejada é recompensadora. E quando a meta está em fazer algo para conquistar uma recompensa, evitar uma punição, agradar alguém ou por alguma outra razão que tenha pouco a ver com a própria tarefa a motivação é extrínseca. Quando o assunto é motivação do aluno devemos ter cuidado e bom senso para distribuir a atividade relacionada com os incentivos e recompensas. P Quando se aplica demasiadamente punição e ameaça, o aluno perde o interesse e desenvolve síndrome relacionada a fobia escolar. Portanto se faz necessário preparar bem uma aula, valorizar atividades realizadas, visando o desenvolvimento do comportamento do aluno. Os sinais da motivação ou desmotivação aparecem na sala a todo instante. A expressão corporal não mente, através do corpo e do olhar podemos diagnosticar variáveis, fatores quanto ao desempenho do aluno, e o arte-educador precisa estar atento quanto ao comportamento, fazer a leitura expressiva não verbal e verbal de cada aluno objetivando aproveitar bem as oportunidades de desenvolvimento do potencial de todos. A percepção apurada na arte influencia o bom comportamento na vida real. Aprender a ler a nossa expressão passa pelo conhecimento dos códigos culturais e consciência da importância da nossa memória material e imaterial, portanto é fundamental conhecer culturas diversas e os modos de vida de cada aluno.

                       A pirâmide de Maslow

      O homem é atraído pela influência das necessidades que surgem de acordo com o grau de importância, sendo as necessidades fisiológicas as primeiras, e a pessoal são as finais.  De acordo com Maslow apud Lima (2000), o comportamento humano é direcionado por motivos básicos que envolvem a satisfação de necessidades mais primárias do ser humano, como, por exemplo, o alimento (Psicologia da Educação- Apostila Favei).  Portanto cada necessidade desperta no individuo certos desejos e vontade de realização, daí uma situação leva a outra na tarefa de prosseguir para outros desafios. Os indivíduos querem ficar livres de qualquer tipo de ameaça ou de situações estranhas que provoquem reações de perigo ou de temor.  São várias as necessidades: a fisiológica, que se encontra na base da pirâmide de Maslow, logo acima aparece a segurança social, depois vem status/estima, e no topo da pirâmide a autorrealização.

Autoconceito e o que influencia na aprendizagem

Como podemos observar os primeiros anos de vida é vital para a formação do comportamento da criança. Pode-se dizer que o autoconceito fazer parte das crenças que orientam a conduta da pessoa, ou nação, a qual se caracteriza como um conjunto amplo de representações sobre si mesmo.  Conforme uma pesquisa realizada por Stipek, Gralinski e Kopp (1990) e citada por Papalia, Olds e Feldman (2006), o desenvolvimento do autoconceito apresenta a seguinte sequência: autorreconhecimento físico e autoconsciência, autodescrição e autoavaliação, e resposta emocional a más ações “(179 Claretiano - Centro Universitário © U5). Podemos deduzir que a construção do autoconceito se dá de forma gradual desde os primeiros anos de vida. Saber que existimos e temos um corpo expressivo para cuidar faz parte do autoreconhecimento, portanto, além da auto-observação o aluno cria a consciência corporal se olhando, ou imitando outra pessoa. Ter consciência de si mesmo no aqui-agora faz parte da construção da identidade autônoma do protagonismo. Estudar o corpo para poder desfrutar de todas as possibilidades expressivas na comunicação, daí a importância de cuidarmos bem do corpo que é o nosso principal instrumento. Os fatores biológico, emocional e social influenciam a aprendizagem; aquilo que o aluno percebe no ambiente escolar e fora dele são importantes para a sua formação, funciona como uma medida de progresso no processo da aprendizagem.  A autoeficácia é uma variável que influência no processo do ensino-aprendizagem, favorece a aprendizagem porque possui ação motivacional. O aluno proativo possui autoeficácia, acredita que pode realizar tarefas e resolver problemas, geralmente tem desempenho positivo na busca pela eficiência. Conforme (Apostila Claretiano, 2017). “Autoeficácia além da motivação e do autoconceito, outra variável que influencia no processo de ensino-aprendizagem é o conceito de autoeficácia.”  Quando o aluno tem boa educação e apoio, logo percebemos que pode realizar os seus projetos de vida.       

A consciência da expressão corporal através da intepretação cênica

    Alguns artistas são especialistas na interpretação de personagens para novela, outros para o teatro, cada veículo de comunicação requer uma interpretação específica, calibrada para atingir o espectador da melhor forma possível. A arte copia a vida, assim como a vida imita a arte.  Para atuar bem em qualquer veículo você precisa de um corpo treinado na interpretação cênica. O teatro é uma ótima escola para desenvolver a nossa expressão/física/vocal. É necessário conhecer o caminho das pedras sobre a percepção da imagem corporal na criação de um espetáculo, assim o conhecimento da prática e teoria da interpretação adianta o desenvolvimento desta inteligência/potência comunicativa.  O atuante é um observador e estudioso do corpo expressivo. Ser arte-educador exige um olhar simbólico do cotidiano e de tudo que diz respeito ao comportamento do homem, como: modo de se vestir, andar, alimentação, como expressamos nossas ideias e emoções etc.  O drama, a tragédia e a comédia estão presentes na nossa existência real e ficcional. O corpo humano quando treinado para atuar fica flexível e resistente, atento e relaxado, portanto, fica preparado para reagir bem as situações complexas. A técnica e o método de atuar ajudam até certo ponto, depois temos que transcender a técnica. A arte é um meio que prepara nosso corpo para os desafios da vida física e espiritual.  

 Relação entre erro e produção do fracasso na escola

Quando a criança entra na escola, amplia o seu mundo social em virtude das novas possibilidades de relacionamento com adultos e crianças. O ato de ir para a escola modifica o indivíduo expandindo o repertório de conhecimento, logo no primeiro dia de aula começa a mudar tudo: a rotina, a questão espacial, os colegas, matérias etc. A figura do arte-educador é importante, é no dia a dia da sala de aula onde aluno e professor criam a relação produtiva como educar e aprender, assim a formação é recriada a cada aula. O fracasso escolar não acontece do dia para noite, ocorre no momento da ida do aluno para escola, no primeiro dia escolar já começa a gotejar no aprendizado do aluno, consciente e inconsciente, as conquistas e fracassos. Portanto o “fracasso escolar” está ligado direta ou indiretamente há inúmeros fatores, como o apoio familiar, condição social, doença, entre outros. O ambiente escolar influencia também parte psicológica do aluno. A questão do sucesso ou fracasso escolar está relacionado com todo um sistema, teia de situações no meio onde o aluno vive e estuda que podem favorecer ou complicar o aprendizado escolar. Nem sempre o aluno que dá muito problema na sala de aula possui distúrbio psicológico, mas na maioria das vezes este ou aquele aluno problema necessita de apoio psicológico, muitas vezes é a família do aluno problema que necessita de apoio. O professor também deve procurar fazer autocritica para não cometer excessos, portanto vale o bom senso e o incansável diálogo que contribuem na resolução dos conflitos escolares, e não perder de vista o trato humanizado nos relacionamentos. Faz bem nos colocar no lugar do outro para percebermos as dificuldades e realizações. Podemos dizer que no geral na educação quando simplificando tudo, sobra o professor e o aluno, duas peças-chaves em toda estrutura educacional, é a síntese para onde todo foco deve ser concentrado.

“... no Processo de Ensino-Aprendizagem Temos de aprender a avaliar diferentes capacidades dos alunos, para podermos identificar os diversos tipos de erros, pois capacidades diferentes exigem diferentes formas de ensino. Não é um problema apontar o erro do aluno, mas sim como isso é feito. A identificação do erro deve ser feita para instrumentalizar o aluno a conhecer suas possibilidades e suas limitações de superá-las. " (LA TAILLE, 1997, p. 25).

O professor é humano e erra, vejo isso com naturalidade; se errar é humano, assim deve ser visto a situação do aluno dentro do ambiente escolar.  Lidar com a emoção, tensão e ansiedade no dia a dia, especificamente no ambiente escolar propicia experiência prática e teórica. A arte é de fato uma grande aliada da educação, são como unha e carne.  Cada caso é um caso, uma escola não é igual a outra, assim como um aluno não é igual a outro, e os conflitos apresentam de formas diferentes, todo os dias surgem novas situações, desafios para todos os envolvidos na equação do educar.  Conforme (AQUINO, 1998, p. 3). "se o aluno aprende, é porque o professor ensina; se ele não aprende, é porque não quer ou porque apresenta algum tipo de distúrbio, de carência, de falta de pré-requisito”  É produtivo relativizar o resultado escolar porque são muitos os fatores que influenciam no sucesso, ou no fracasso do aluno, cada caso é um caso. De fato, devemos diariamente fazer uma análise profunda de cada escola e aluno onde lecionamos a fim de aproveitar o que o ambiente oferece, como: espaço, materiais, tecnologias, e recursos humanos. E quando o arte-educador faz bem a sua parte com certeza colhera bons frutos. Realmente um aluno problema pode no futuro ajudar na aula, acabam bons cooperadores no ensino aprendizagem. De acordo com Campos, “O aluno-problema não é necessariamente portador de um “distúrbio” individual e de véspera.”  A arte é uma linguagem que facilita o diálogo, é um conhecimento que diverte ensinando, e possibilita a consciência da pluralidade, requisito fundamental de qualquer sistema democrático. De acordo com (CAMPOS, J. A. P. P.)), “última regra ética, e com a qual encerramos nosso percurso, é a ideia de que dois são os valores básicos que devem presidir nossa ação em sala de aula: a competência e o prazer. Competência e prazer incluem a liberdade com responsabilidade, que são alguns dos pilares básicos para uma estrutura de ensino útil e eficaz. A competência é necessária para todos envolvidos no processo educativo sem deixar de lado o amor pela educação que todo arte-educador precisa cultivar.

                              BIBLIOGRAFIA

BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da arte. São Paulo: Ed. Perspectiva,2017.

CAMPOS, J. A. P. P. et al. Psicologia da Educação. Batatais: Claretiano, 2013. Unidade 3 – Desenvolvimento humano: ciclo vital e psicossocial, p. 109-150. Material de Apoio).

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