Conversa de Cachorros
Olhando no retrovisor presto atenção no tempão que escuto diversas bolhas de conversas, e uma delas, agora no presente, atraiu o meu foco, comecei então a perceber certas minúcias na tal bolha das cachorras e cachorros, interessante. Os sons produzidos, todo ritmo e melodia existente nos diálogos são como músicas transpassando muros, cercas e preconceitos. O som produzido na conversa dos cachorros e cadelas não respeitam cercado, nem cultura, ou credo, porque é matéria fluindo no espaço tempo, emanada da vida natural, manifestação pura do instinto animal. Assim como a conversa das araras, outra tribo única. Claro que o som visceral que vem das profundezas do fígado passa sutilmente pelo filtro da inteligência animal. Qualquer pessoa que presta a atenção nos sons da vida, leva consigo a consciência das coisas naturais, sabe gostar da real situação da existência. E o artista curte a vida natural, sem deixar de amar a ilusão do artificial, daí essa mania de prestar atenção nos sons da vida real. E nesta noite percebi que os cachorros e cadelas não respeitam correntes, seus corpos voam noite a dentro interagindo com toda a massa dinâmica da lua, estrelas, ventos, e tudo quanto há. Para não delongar muito, percebi hoje a grande necessidade que tenho de continuar ouvindo a poesia existente na conversa, ou latidos do cotidiano. (Continua... República do Ator, 2025)
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