Piscar de olhos
O dia é curto, a noite mais ainda e a vida tem o tempo do piscar de olhos. Muitos projetos em curso, e para realizá-los caminho com o hálito sagrado, sem ansiedades. Eterna é a alma e o corpo uma nave agora revestida de carne. Peço a Palas Atená que me mande de onde estiver uma luz a fim de clarear a mente deste pobre mortal ignorante. Hoje acabei de pintar uma textura numa viga que sustenta o telhado que da para os fundos de casa, um presente modesto que ofereço a minha mãe, o dia dela é domingo que vem, mas mãe comemorasse todos os dias. Trabalho até tenho de sobra, amo criar obras, sinto um prazer de alquimista nos momentos das recriações, no entanto estou sentindo falta de atuar no teatro, cinema ou TV; preciso focar as minhas ações pra satisfazer este desejo. Amo dar asas a intuição, sei que isso fortalece a razão, os opostos são complementares. Hoje quando eu voltava da rua, vi um velhinho andando em um jardim, logo pensei, não demora pra eu chegar até esta idade, neste instante passa correndo ao meu lado uma criança desgarrada da mãe, pula e brinca como um cabritinho feliz, também me vi ali. Estas imagens que o cotidiano nos presenteia são símbolos para uma bela introspecção. Gosto de embarcar nestes pequenos fleches da existência, esta aí uma motivação bem legal que me encanta nos passeios diários, sim, sou como um flanador, bem ao estilo daquele mencionado nas Passagens por Walter Benjamim. Nada como meditar sobre os pequenos detalhes do dia a dia, formas simples, porém, fonte infinita de inspiração pura. Esta aí a minha necessidade de aguçar a observação, um treinamento que só enriquece a vida e faz dar asas a imaginação criadora. Agora vou tomar um banho, daqui a pouco assisto o jornal, mais tarde um filme e depois caio no sono; amanha para não faltar de quebra com a rotina, tenho uma agenda repleta de atividades delícias.
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