A escola como espaço de promoção do desenvolvimento humano em diferentes etapas do ciclo vital.
“Na idade escolar, a criança desenvolve
processos de pensamentos lógicos que podem ser aplicados a problemas reais, ou
seja, ela começa a fazer reflexões mais complexas sobre os fatos. As crianças
do ensino fundamental não só sabem mais do que as crianças da etapa precedente,
como também têm mais recursos para planejar e utilizar, de forma eficiente,
suas aptidões quando se deparam com um problema [...]. Sabem que para pensar
bem é preciso considerar todos os dados, [...] desconsiderar informações pouco
relevantes, [...] controlar as ideias alternativas e que se pode melhorar e
corrigir o próprio raciocínio com um esforço suplementar (MARTÍ, 2004, p.
233).“
A
escola representa um espaço rico para o desenvolvimento psicofísico da criança,
adolescente e adulto. Os anos escolares possibilitam ao aluno vivenciar uma
verdadeira revolução no conhecimento cientifico e social. Nos anos escolares a criança começa a
realizar formas de pensamentos, conceitos mais elaborados da realidade; a
percepção humana neste período adquire recursos fundamentais de analises dos
fatos e uma maior compreensão do meio em que vive. Existe no sistema de ensino
com qualidade todo um aparato programado de apoio para o pleno desenvolvimento
humano a fim de possibilitar ao aluno planejar e utilizar suas aptidões diante
dos problemas. A escola é um núcleo
social de formação onde o aluno aprende a refletir para compreender os seus
direitos e deveres, assim vivencia condutas e regras definidas. A possibilidade
da convivência com outras pessoas de diferentes níveis cultural, social e econômico,
cria oportunidades para a prática dos vários graus de conhecimento, como:
relação de igualdade, cooperação, competição, submissão, liderança, etc. Já na
adolescência começa a participar de grupos por afinidades quanto ao sexo, idade
e classe social. Dos 6 aos 12 anos tem o
desenvolvimento moral, passa da noção rígida familiar do certo e errado para o senso de imparcialidade no julgamento
moral, para analisar os fatos ocorridos. O autoconhecimento passa a fazer parte
do dia a dia do aluno proporcionando melhor percepção do eu possibilitando
maior clareza quanto aos sentimentos, e raciocínio, avaliação do estar ou não
satisfeito, contente ou descontente. Toda escola necessita de uma estrutura
adequada a fim de proporcionar ao aluno as condições para avaliar e cuidar da
autoestima. No período escolar o aluno deve ter a chance de estruturar melhor o
seu autoconceito.
“Parece evidente que a
interpretação que cada criança faz dos resultados obtidos na escola não só
intervêm variáveis do tipo pessoal como também o estilo atributivo; os
processos de comparação social e, principalmente, o professor constituem também
claras fontes de influência [...] a atitude e a conduta do professor com o
aluno se revelam como fator determinante para a valoração que este faz de sua
competência acadêmica (PALÁCIOS; HIDALGO, 2004, p. 261).”
O professor tem papel vital na formação do
aluno como um todo daí a necessidade deste relacionamento caminhar para o
desenvolvimento da afetividade positiva, assim o aluno ganha confiança para ser
protagonista.
“O autoconceito
acadêmico da criança, por sua vez, não se restringe às tarefas escolares,
podendo também ser generalizado a outros aspectos de sua personalidade, como
capacidades intelectuais gerais, destrezas para resolver situações
problemáticas, motivação para novas aprendizagens e maturidade psicológica.”( CAMPOS)
Portanto o espaço escolar serve
como adubo para o pleno desenvolvimento das diversas potencialidades do aluno,
assim o local de aprendizado necessita de todo o recurso material e humano
disponíveis.
“Compreender que o
conhecimento das características de cada fase ou etapa do desenvolvimento tem
implicações diretas na prática pedagógica seja na elaboração de atividades ou
no acompanhamento e avaliação do aluno.” (CAMPOS)
Cada fase ou etapa do desenvolvimento humano
tem características particulares e universais, situação que exige uma
organização pedagógica condizente com o perfil de cada aluno, portanto, é aproveitar
os ciclos da idade para ministrar com eficiência atividades condizentes com
tais períodos da vida. Acompanhar e apoiar o aluno de forma a possibilitar o
melhor aproveitamento das condições oferecidas no ambiente escolar. A
disciplina aplicada deve ser condizente com a idade e a diversidade cultural do
aluno.
“Nos anos pré-escolares, é fundamental que a
criança seja estimulada para a aquisição de habilidades psicomotoras por meio
de jogos e brincadeiras. O aprimoramento dessas habilidades e o desenvolvimento
da linguagem e de aspectos cognitivos proporcionam à criança melhores condições
de aprendizagens em tarefas relacionadas à leitura e à escrita na fase escolar.” “Na
teoria de Piaget, segundo Kail (2004), a criança na fase pré-escolar faz uma
transição do pensamento sensório-motor para o pensamento pré-operatório, que
abrange as idades de 2 a 7 anos. Essa fase é marcada pelo uso de símbolos para
representar objetos e acontecimentos. Embora a capacidade em utilizar símbolos
constitua um grande avanço em relação ao pensamento anterior, denominado
"sensório-motor" por ser essencialmente prá- tico, seu pensamento é
bastante limitado quando comparado ao das crianças em idade escolar. As principais características do pensamento
pré-operatório são: o egocentrismo, a centração e a aparência tomada como
realidade.” (Campos)
O
ser humano tem potencial para adquirir habilidades especificas em cada fase da
vida, portanto as atividades devem ser ministradas respeitando o potencial
psicofísico de cada faixa etária do aluno.
Fase quanto ao
desenvolvimento físico, cognitivo e emocional/social.
“A
adolescência é uma fase de transição da infância para a vida adulta,
iniciando-se com o fim da meninice, por volta de 12 anos, e vai até,
aproximadamente, o final da segunda década de vida. Para esse período da vida,
não há, portanto, idades exatas para seu início e término. O adolescente passa
por um conjunto de mudanças físicas, que é denominado puberdade, e por
transformações psicossociológicas que vão depender da cultura na qual está
inserido. A adolescência é um fenômeno recente, criado pela nossa cultura
ocidental, que pode variar de acordo com o status socioeconômico e com as
circunstâncias de vida dos jovens.” “A
puberdade aparece como um fenômeno universal em todos os membros da espécie
humana. É um momento de grande importância para o calendário maturativo, no
qual o corpo humano passa a ter certas funções que antes eram inexistentes.
Segundo Kail (2004), na adolescência, os jovens tornam-se mais altos e pesados
e também amadurecem sexualmente. Nesse momento, é disparado o relógio biológico
que coloca em funcionamento as glândulas para a produção dos hormônios
estrógeno (em grande quantidade nas meninas) e testosterona (predominante nos
meninos). Nas meninas, aparecem os seios, a cintura afina, os quadris
alargam-se e ocorre a primeira menstruação, denominada menarca, normalmente por
volta dos 12 anos, embora, para algumas, essas mudanças possam ocorrer mais
cedo.” (Campos).
A
adolescência é uma fase rica de transformações tanto no corpo quanto na mente, representa
a fase de transição da infância para a vida adulta. Os conflitos são muitos e como todo ciclo da
vida, a puberdade necessita de certos cuidados especiais com a mente e o corpo
que esta em pleno desenvolvimento.
“A
identidade pessoal é uma das conquistas mais importantes para essa fase. O
adolescente constrói sua identidade coordenando as representações a respeito de
si, seus projetos e expectativas de futuro e suas experiências passadas.
Portanto, sua identidade pessoal vai estar vinculada à sua própria história de
vida. Contudo, nem sempre é fácil sua identidade pessoal. Essa construção fica
subordinada a sucessos e fracassos vivenciados, os quais possibilitam
sentimentos contraditórios. Com isso, o adolescente sente urgência em fazer
coisas, ou, ao mesmo tempo, fica tão absorto que perde a noção do tempo, ou,
ainda, tão apaixonado por uma atividade que reduz sua capacidade de produção e
de concentração para outras. A preocupação com o corpo (físico) passa ao
primeiro plano. A eficiência física (mais nos meninos) e a atração corporal
(mais nas meninas) tornam-se, pois, importantes para a formação do autoconceito
e da autoestima do adolescente.” A confusão pubertária marca o início do
segundo parto na vida do jovem. Uma nova identidade está nascendo a partir da
maturação biológica.” (TIBA apud
HOFFMANN, 2005).
“
Para alcançar sua identidade, os jovens também passam da confusão para a
onipotência pubertária, caracterizada por arrogância e revolta. Surge, ainda, a
necessidade de se afirmarem, de terem razão e de serem aceitos. No final da
adolescência, ocorre a onipotência pubertária, a qual envolve não só o
equilíbrio do adolescente, mas também da família; ou seja, o ego do adolescente
oscila entre movimentos de expansão e de retração.” (Campos).
A
identidade do adolescente transita entre a criança e o adulto, daí grande
variação no humor caracterizado pela arrogância e revolta. A questão da
autoafirmação nesta fase da vida acentua e surgem conflitos no meio familiar,
na escola, e conflito do adolescente consigo mesmo. Dependendo da pressão que o
jovem passa no momento ocorrem fugas tanto para uma representação adulta quanto
de criancices. Geralmente o adolescente se sente o dono da verdade e passa a
desafiar autoridades, hierarquias, e instituições. As atitudes muitas vezes são
temperamentais, e passa de um raciocínio lógico para uma emoção exagerada, pode
abandonar família, escola, amizade, e ao mesmo tempo agir de forma comportada. Em
determinadas situações tem receio de agir de maneira inadequada para não sofrer
rejeição, ou como se diz na gíria: não quer pagar mico na frente de ninguém.
Portanto de acordo com o amadurecendo tais oscilações entre expansão e retração,
diminuem.
“Para
finalizar, deve-se lembrar que o jovem vive um paradoxo que o angustia, em
razão da cobrança dos adultos. Na verdade, é exigido do jovem um comportamento
maduro com relação a algumas questões, e, ao mesmo tempo, julgam-no jovem
demais para outras. Dessa maneira, o adolescente fica sem saber como agir
diante dos adultos, tendo em vista que não existem regras para considerá-lo
“muito jovem” ou “quase adulto”. Outro grande paradoxo a ser enfrentado é
relativo ao confronto de valores construídos pela família, e aqueles que ele
passa a conhecer fora de casa. Pesquisas mostram que há uma tentativa do jovem
em editar a dissonância, a fim de procurar trabalhar com essas contradições,
ora negando os valores da família, ora evitando as normas dos grupos de amigos.
Nesse período, as drogas lícitas e ilícitas passam a ser símbolos de
autoafirmação. Por isso, a proximidade e o diálogo são fundamentais nessa fase
da educação do indivíduo. “ (130 © Psicologia da Educação 9).
“Como o cérebro do adolescente ainda
esta se formando surge a oportunidade de estudar raciocínios e conceitos
artísticos mais elaborados.” (campos).
Atividade
pedagógica que possa auxiliar no desenvolvimento das características do
adolescente.
“A
psicomotricidade está ligada às implicações psicológicas do movimento e da
atividade corporal na relação entre o organismo e o meio em que ele desenvolve.
[...] A meta do desenvolvimento psicomotor é o controle do próprio corpo até
ser capaz de retirar dele todas as possibilidades de ação e expressão
possíveis. [...] envolve um componente externo ou prático (ação) como também um
componente interno ou simbólico (a representação do corpo e de suas
possibilidades de ação) (PALÁCIOS; MORA, 2004, p. 68).”
Uma
atividade corporal que ao mesmo tempo trabalhe o raciocínio e os sentimentos: Nos
jogos teatrais, na dança e na expressão corporal como um todo existem vários
exercícios que podem auxiliar no desenvolvimento do adolescente, como exemplo: Criar ações físicas sincronizadas com outros
colegas, partitura corporal, coreografias com ritmo e interpretação. Pode usar
musica como sonoplastia, canto, ou ser uma forma copiada, adaptada de alguma
obra, ou uma criação de própria autoria do grupo.
BIBLIOGRAFIA
CAMPOS, J. A. P.
P. et al. Psicologia da Educação. Batatais: Claretiano, 2013. Unidade 3 –
Desenvolvimento humano: ciclo vital e psicossocial, p. 109-150 (confira no Material
de Apoio).
PALÁCIOS, J.;
MORA, J. Crescimento físico e desenvolvimento psicomotor até dois anos. In:
COLL, C.;
MARCHESI, Á.;
PALÁCIOS, J. Desenvolvimento e educação: psicologia evolutiva. Tradução de
Daisy Vaz de Moraes. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. v. 1.
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