Ciclo, palavra e fé.
Pois é, fim de mais um ciclo, foram tantos que me acostumei. Deleta aqui, abre uma janela ali, entra e sai; corri, levanta e cai, sacode a poeira, e lá se foi mais um dia. Chega a tarde, depois a noite e madrugada; seguimos com a aurora. A vida é como uma porrada no estômago, e de veras misteriosa. Vence quem deveria perder, e perde quem é o melhor. Ainda acho que os deuses do olimpo criaram a arena humana apenas por diversão. O deus se veste de homem pra rir do próprio capricho - tédio, solidão, tragédia, ego, e as outras 10000 coisas. No entanto, Deus não joga dados com a vida humana. Parece que o homem é uma lente de aumento da própria existência. Sentimento e razão são expostos como nunca no palco do equilíbrio-precário. O cotidiano mostra tudo ao cubo em um ritual velado, eterno e circular; em espiral. O choro e a alegria são como o colorido do grito abafado. A ironia se torna uma arma grandiosa da ignorância. A sedução triplica o artifício. O jogo da vida é o Mineirão do futebol lotado de táticas; uma gritaria. Aos berros os fanáticos querem o seu millãoooo, imploram fama e gloria. Sim, passo bons e maus momentos diante desta vida incerta. Na ficção vejo o reflexo do espelho atuar, como num jogo de videogame super avançado em 4 D, holografia da verossimilhança. Na real o jogador é o próprio personagem. No reality show, a empatia com o participante gera a catarse revelada por Aristóteles. Empatia causa a ilusão, coisa bastante criticada em Brecht. Identificação é com o povo mesmo. A galera curte o espetáculo bem visceral; o espectador abandona o Eu para viver do Outro - desespero ou curtição? Lances de curta duração, como fleches oníricos materializados, onde sonho e vida se confundem. É aqui que o limite da razão é rompido. Sem mais - lero-leros - vou indo. Caminho com o hálito sagrado. O dia vai passando na ponte da tarde, em direção a noite. A vida é como a paixão, incendeia bilhões, alguns por um breve momento, outros por um tempão. Sou como uma faísca do fogo de Prometeu. Me deixo levar pelo programa do cotidiano sem as defesas de praxe. E pra terminar faço uma pequena visita a Artaud : A vida arde como o corpo de um supliciado que enquanto queima em chamas emite sinais da fogueira.
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